Os blogs já foram mais populares que hoje em dia. Pelo menos dez anos atrás, quando era a inovação do mundo virtual. Explorado por empresas e por pessoas como eu e você, em forma de diário ou de campanhas corporativistas.
Com a popularização das redes sociais e o surgimento de plataformas como o Twitter ou o Facebook, por exemplo, a popularidade se diversificou, não está tão centralizada. Lógico que tínhamos ferramentas anteriores que chamava atenção dos internautas. Mas, a época que vivemos, atualmente, com redes e mídias sociais com audiência considerável deve ser tratada com bastante cautela, atenção redobrada.
Algo que é inegável é que os blogs – mesmo com o mercado um tanto quando saturado – aglutinam um emaranhado de informações. Em meados de agosto de 2010 a empresa de análise de tráfego online Sysomos publicou uma pesquisa que analisou 100 mil posts para entender quem é e de onde são esses blogueiros. Traçou perfil interessante da blogosfera. Neste universo, o Brasil aparece como o quarto país em termos de números de blogueiros.
O Brasil responde por 4,19% do total, logo à frente do Canadá, que vem em quinto com 3,93%, e logo atrás do Japão, que tem 4,88%. Em primeiro lugar isolado está os Estados Unidos, com 29,22%. O Reino Unido vem em segundo, com 6,75%.
Os blogs, longe das imposições do mercado e livre de compromissos com os donos do capital, conseguem pautar aquilo que a velha mídia não pauta. Tem amplo público e consegue, pelo menos em partes, romper com a centralização do poder midiático global, com o monopólio das informações, com apenas a versão tendenciosa dos fatos.
Infelizmente, mesmo com uma chama de esperança por conta da liberdade das informações veiculadas, quem se mantém trabalhando e vivendo daquilo que produz na internet são pessoas que tem um poder aquisitivo considerado médio ou alto. Mais uma vez, nos patamares de produção metodológica é a elite que tem maior número de representantes. O que não quer dizer que os conteúdos devam ser desconsiderados.
Alguns blogueiros conseguem reunir milhares de pessoas, quase sempre pela qualidade dos conteúdos postados ou, também, pela criatividade em reunir no mesmo espaço uma diversidade de ações que atraem diferentes públicos. Um exemplo é a Rede AfroKut, que reúne mais de cinco mil membros em apenas um veículo. Ela ultrapassa a proposta de um blog comum – apesar de ser também um blog colaborativo, onde qualquer membro cadastrado pode postar conteúdos para a rede – tornando-se uma rede social e, ao mesmo tempo, mídia social, para os que desejam saber mais sobre relações étnico-raciais.
Inovação comprovada pelo número de pessoas que interagem em tempo real. Potencializando o desejo que diversas pessoas têm em ver o Brasil livre de qualquer tipo de discriminação, principalmente a racial. Mesmo nesse oceano de informações em tempo real, poucos sites tratam especificamente da diversidade étnica e racial. Espaços agregadores de pessoas, mas que, em sua plenitude, apenas preocupam-se em tornar aquele espaço o mais aglutinador possível, sem se preocupar, necessariamente, com a qualidade dos conteúdos postados. É uma espécie de liberdade alienante – muitas pessoas apenas reproduzem os conteúdos da atualidade ou mesmo da velha mídia.
Enquanto rede que contribui na promoção da igualdade racial ela também tem ação fundamental para denunciar algumas atitudes discriminatórias promovidas na internet. Uma delas, dentre outras muitas coisas disponíveis, foi a afirmação de um jovem que disse esperar a morte de mais negros, mencionando uma tragédia acontecida no início de 2011 no Rio de Janeiro, uma enchente que feriu e matou dezenas de pessoas em algumas favelas da referida cidade.
É cada vez mais necessário ver a internet, principalmente as redes sociais, como espaço que potencializa o que se manifesta no mundo real. Não dá para desconsiderar atitudes como essas e outras que podemos ver, infelizmente, com facilidade.
No Brasil mais de 19 milhões de pessoas estão conectadas no Facebook – esse número cresce a cada dia de modo assustador.
O site Outras Palavras publicou importante artigo que apresenta um parâmetro sobre como o Facebook vem monopolizando o uso das redes como um todo, mas, ao mesmo tempo, tem sido fundamental na potencialização de ações para promover algumas mobilizações sociais. Ela não é detentora daquilo que é colocado em seu espaço de divulgação. Só que não dá pra negar a importância de um lugar que comporta aproximadamente 800 milhões usuários no mundo inteiro. Sendo que 19 milhões acessa do Brasil, sabendo que é o país em que por dia mais pessoas entram nessa rede.
70% dos usuários online no mundo inteiro. Isso significa um bilhão de pessoas aproximadamente, relacionando as principais ou menos conhecidas. Esses dados é fonte de pesquisa divulgada pela empresa inSites Consulting, uma empresa europeia que tem olhado o fenômeno das redes sociais com cautela e o quanto isso afeta no comportamento das pessoas, como um todo. O interessante é que a pesquisa demonstra, também, é que a tendência é que as grandes redes continuem crescendo, enquanto as menores, que muitas vezes alimentam as grandes em ideias inovadoras, o Facebook comporta quase um bilhão de pessoas no mundo inteiro. Dados mais específicos do documento estão listados no site da TechCrunch.
Não sobra mais dúvida do quanto a internet tem se destacado no cenário comunicacional no Brasil e no mundo.
Até quando ele será desconsiderado? Blogueiros, trabalhando de modo isolado ou de diversos cantos, fazendo a diferença. Interferir na comunicação no Brasil é meter o bedelho no imaginário coletivo, conseguir pautar o que antes na agenda dos canais de massa não estava.
Até dar algum tipo de resposta para algo que vemos na televisão, como é o exemplo da ampla mobilização feita contra um dos quadros do Zorra Total.
Apenas um dos exemplos de como as pessoas usam essa forma de se manifestar em tempo real como uma forma de soltar o grito preso no peito. E como é que o tiro sai pela culatra? Quando esse mesmo mecanismo, esse mesmo espaço, se transforma em mais um lugar para potencializar a alienação. Esse é o exercício, de perceber essa dinâmica midiática presente na virtualidade da internet, precisa ser preservado. Assim, utilizando o ressoar da velocidade das informações, é preciso divulgar o que pode qualificar o conhecimento. Basta encararmos o desafio de levar a frente a tarefa de colocar em pauta outras versões dos fatos.
(Texto de Jean Mello)
Jean Mello é educador social formado pelo Núcleo de
Trabalhos Comunitários da PUC/SP, vinculado à Faculdade de Educação,
educomunicador, músico, escritor e estudante de Psicologia na Universidade de
Santo Amaro – UNISA.
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