sexta-feira, 16 de novembro de 2012

LICENÇA PARA CONTAR: LUCIMAR SIMON


Lucimar Simon nasceu em Linhares – ES em 1977. Suas influências são diversas perpassando por autores de Clássicos da Literatura Brasileira e Estrangeira. Busca ler e acompanhar a Literatura Contemporânea bem como os ditos “poetas marginais”. Seus textos compõem uma escrita simples dedicada a fatos cotidianos, memórias, experiências acadêmicas e sua vida pessoal, e podem ser conferidos em Antologias e Coleções Poéticas da Câmara Brasileira de Jovens Escritores em: “Novos Talentos do Conto Brasileiro”, “Contos de Outono”, “Livro de Ouro do Conto Brasileiro”(2009) e “Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Nº 54”, todos publicados em 2009.  Lucimar Simon é Graduado em História pela UFES. Pós Graduado em História e Literatura – Texto e Contexto pela UFES. Confira, abaixo, o conto “Amor, infiel amor”:

AMOR, INFIEL AMOR

Ah! Até quando iria eu agüentar o ritmo da cidade grande? Neste feriado quero descansar, curtir o ar puro da fazenda, olhar o capim verde das pastagens, tomar um leite morno nas manhãs calmas do campo, onde os animais dão o sinal de um lindo amanhecer. Sentir em meu cabelo o vento matinal e em meu corpo o arrepio frio da manhã.

Preparamos tudo, Luzia e eu, viajamos no sábado pela manhã, Cláudio subiria as montanhas á tarde após o trabalho, tudo prometia um ótimo fim de semana. Meus pais estavam esperando, afinal já se fazia seis meses desde nossa última visita a fazenda. A saída da cidade foi demorada logo cedo o transito já nos espremia por ruas estreitas e ônibus do transporte coletivo lotados, muitas pessoas ainda indo e vindo de um lado para outro em suas funções e obrigações diárias as quais não eram aliviadas nos belos sábados de verão urbano.

Fora do centro o trânsito fluía normal, isso era uma grande vantagem chegaríamos por volta das 09:00 horas da manhã a fazenda, visto que o trajeto levaria cerca de 01:20h, considerando que saímos de casa as 07:40 horas, não se espante, mulher fazendo contas, sou contadora de uma empresa de importação e exportação.
Meus pais estavam muito felizes com a nossa chegada, o filho do caseiro logo recebeu Luiza e a levou para a direção do curral, uma vaca teria uma nova cria. Tudo era um ar de muita alegria, instalada, já com as coisas no quarto, da janela de um andar superior observava Luiza, correndo pelo campo em companhia de Jorge o filho do caseiro, era muita felicidade para apenas seus 09 anos de idade.

Não demorou muito veio á tarde, enfim á noite, Cláudio chegou. Atrasou um pouco na saída da cidade como sempre nem precisou reforçar que foi o trânsito. Após os preparativos, hora do jantar, uma maravilha. Após o belo jantar passamos a outra sala, conversando com mamãe contava a ela o que estava acontecendo na minha vida, os problemas com o casamento, e minha vida dupla na cidade.

Subir ao quarto. Passando no corredor dei uma olhada em Luiza que já dormia no quarto ao lado tranqüilamente. Dando mais alguns passos entrei em meu quarto estava cansada pretendia dormir, ter uma boa noite de sono, coisa que já não fazia parte da minha vida a um bom tempo. A cama estava confortável e aconchegante, a janela estava encostada e entre aberta, não dei muita atenção o sono chegava muito rápido, e me dominava intensamente, mal conseguia ver o facho de luz do abajur...

O vento soprou um pouco mais forte e a janela na sua fragilidade se abriu para o invasor que chegou até aos pés da minha cama e de leve tocou a minha face. Sentir um frio, não me movia, era frio, mas, muito envolvente, saliente, carinhoso e estava a me fazer algo que eu não sentia á muito tempo. Ele não precisou se esforçar muito e me levantei da cama, ficando em meio ao quarto sem movimentos corporais.

Vestia uma camisola preta que fazia um movimento circular de sobe e desce, deixando um ar de sensualidade no quarto, isso agradava o amante, amante sim, naquele momento era o que ele significava para mim, amante, um excelente amante que com pequenos passos me arrastava para a janela, sentia ele tocando meu corpo, minhas partes intimas, eram toques sensíveis, arrepiantes, delírios tomavam conta dos meus pensamentos.

Que a noite não se acabe, que a lua não se vá, e não dê lugar ao sol, pois o sol por melhor amante que seja não é tão apaixonante, envolvente, nem o padeiro, o advogado, o feirante, o leiteiro não se iguala a ele.

Com voz ardente eu pedia: ama me, devora me amante infiel, quantas mulheres a ti se entregaram apenas esta noite, e você assim intacto, vem me tocar como um virgem, virgem de sexo, mas, não de conhecimento na arte do amor...

Sim! Não posso negar, sou uma pessoa apaixonada pela vida, gosto de viver perigosamente, tenho diversas relações alheias, não sou feliz em meu casamento que mantenho apenas pela minha filha... Luiza, mas enquanto o momento de liberdade judicial não chega eu me liberto da maneira mais simples que se pode libertar uma mulher... sonhos...

São em meus sonhos que realizo todas minhas fantasias, tudo que não possuo na minha realidade monstruosa busco construir em meus delírios noturnos, e neles me completo, sou mulher sou única, sou amante dos amantes mais adoráveis para uma mulher que vive uma realidade sombria, mas, se refugia em um mundo de sonhos e desejos nas longas noites de verão.

Boa noite! Bons sonhos!


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