250 discos gravados, 400 milhões vendidos e 13 prêmios Grammy. Os números comprovam o quanto Ella Fitzgerald foi grandiosa para a música deste humilde planeta. Imortalizada por seu timbre de menina e seu fraseado que se envolvia nos instrumentos como se fosse mais um deles, ela foi uma das partes da chamada Trindade Divina do Jazz, junto com Billie Holiday e Sarah Vaughan. Totalmente devotada ao seu ofício de cantar, ela viu seu corpo sucumbir à diabetes sem abrir mão do seu direito cantar. Infelizmente, a doença que já havia feito Ella perder as duas pernas, venceu a batalha em 15 de junho de 1996.
Calou-se uma das mais belas vozes do mundo. Para celebrar estes 15 anos sem ”a primeira-dama da canção”, a Som Livre está resgatando gravações raras e curiosas em “Best of The BBC Vaults”. A caixinha elegante e editada cuidadosamente, traz um CD com 15 faixas ao vivo e um DVD com quatro programa gravados no famosos canal inglês somando mais de duas horas de imagem. Pra fechar o pacote, uma biografia escrita pelo jornalista e estudioso de jazz Stuart Nicholson, que, apesar da edição ser nacional, vem toda em inglês. Assim como o DVD não traz legendas, esse é o único ponto fraco do trabalho.
Embora a marca Fitzgerald seja sinônimo de qualidade, é mesmo no DVD que está o filé deste lançamento. Os shows passeiam por diversas fases da cantora e foram resgatados com bom vídeo e som. O primeiro, “Show of the week”, é de 1965 e fez enorme sucesso na época, sendo repetido diversas vezes. Do mesmo ano, “Ella Fitzgerald Sings” traz 12 grandes sucessos interpretados com a versatilidade única, como “The lady is a tramp”, “Thal old black magic” e “Body and soul”. Daqui em diante, o diabetes já obriga Ella a usar óculos “fundo de garrafa”, que ela não vai dispensar nem em capas de disco. “Ella Fitzgerald at Ronnie Scott’s” é colorido, diferente dos anteriores, e traz a diva ao lado do não menos genial guitarrista Joe Pass. “The very thought of you” é um momento indispensável de interpretação, cumplicidade e beleza. Por fim Jazz From Montreux, de 1977, traz pelo menos uma pérola guardada. Trata-se de “Ordinary fool”, balada cortante e obscura de Paul Williams. Suando em bicas, ela ainda brinca com a bossa Samba de uma nota só e o blues “I ain’t got nothin’ but the blues”. E, pra encerrar, “You are the sunshine of my life”, do genial Stevie Wonder.
Como se não bastasse, mesmo tendo imagens com mais de 40 anos, o DVD ainda traz duas opções de áudio (2.0 e 5.1). Tudo para que se possa apreciar, observar ou mesmo conhecer uma das maiores vozes que já passaram pela história da música internacional e que nem a morte foi capaz de apagar.
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