Talvez não seja exagero afirmar que este livro marca uma virada nos estudos de Walter Benjamin no Brasil, que, com algumas exceções, têm privilegiado a produção do autor a partir de 1928 — ano de publicação de Rua de mão única e Origem do drama barroco alemão, enfatizando sua reflexão sobre as transformações da narração, da percepção na grande cidade moderna capitalista e as mutações das práticas artísticas.
Ao reunir sete ensaios redigidos entre 1915 e 1921 — grande parte deles nunca publicada em vida pelo autor —, Escritos sobre mito e linguagem revela para o leitor brasileiro um momento fundamental, porém pouco conhecido, do percurso de Walter Benjamin: aquela fase de sua juventude em que dialética e metafísica travavam um diálogo de intensidade incomum. Longe de ser uma etapa mais tarde superada, é ela a responsável pela configuração extremamente original desse pensamento que combina poesia e política para iluminar a arte, a linguagem, a religião, o direito, a história, o poder e a violência.
Com organização, apresentação e notas de Jeanne Marie Gagnebin, este volume abre perspectivas inéditas para o estudo da obra benjaminiana entre nós. Apresentando novas e acuradas traduções, acompanhadas de valioso aparato crítico, Escritos sobre mito e linguagem traz textos indispensáveis — como "Para uma crítica da violência" ou "A tarefa do tradutor" — para todo leitor interessado em filosofia, ciências humanas, teoria literária e estética na contemporaneidade.
Sobre o autor
Walter Benjamin, um dos grandes pensadores do século XX, nasceu em 1892, em Berlim. Em 1912 inicia seus estudos de Filosofia em Freiburg e, mais tarde, em Berlim e Munique. Em 1917, Benjamin casa-se com Dora Sophie Pollack e muda-se para a Suíça, onde conclui seu doutorado, O conceito de crítica de arte no romantismo alemão (1919). Após retornar à Alemanha, apresenta sua tese de livre-docência, Origem do drama barroco alemão (1925), que é recusada pela Universidade de Frankfurt. Em 1924, orienta suas leituras na direção do marxismo, e em 1933, com a perseguição aos judeus, foge de seu país, passando a levar uma vida precária e nômade em várias cidades europeias, hospedando-se em pensões e em casa de amigos, como Bertolt Brecht. Em 1940, na iminência da invasão de Paris pelas tropas alemãs, foge para o sul da França, e na noite de 26 de setembro, em Port-Bou, na fronteira com a Espanha, suicida-se ingerindo morfina.
Escritos sobre mito e linguagem (1915-1921), de Walter Benjamin |
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Tradução de Susana Kampff Lages e Ernani Chaves
Organização de Jeanne Marie Gagnebin
Apresentação e notas de Jeanne Marie Gagnebin
Coedição: Duas Cidades
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