segunda-feira, 29 de agosto de 2011

CINEMA FRANCÊS: “AMANTES CONSTANTES”


“Amantes Constantes” é um filme francês de Philippe Garrel, lançado em 2005. O filme ganhou o Leão de Prata de melhor diretor, Osella d'or para William Lubtchansky (Fotógrafo) pela sua contribuição artística excepcional, além do Prix Louis-Delluc.

A obra exibe uma versão dos acontecimentos de Maio de 1968 que busca uma mistura de sonho e desmistificação. Sonho porque a poesia sempre reina no cinema de Philippe Garrel, desmistificação porque 68 é mostrado como uma farsa.

François, 20 anos, a mesma idade de Philippe Garrel no momento dos acontecimentos, é um inocente exaltado. Ele é poeta, fuma haxixe e mora perto dos bairros suburbanos. Com alguns amigos, desce a rua e, temerosos, começam a brincar de gato e rato com a CRS (Republican Security Companies, a tropa de choque francesa), reviram automóveis, levantam uma barricada, aguardam e adormecem, sonhando com 1789.

O preto e o branco são as tintas de Garrel, tanto que é impossível pensar o filme de outra forma. E é assim que Garrel pinta “Amantes Constantes”: tudo é experiência estética. François vê Lilie a primeira vez nas barricadas, a segunda na casa de Antoine, o amigo burguês, quando decide falar com ela. Ai começa uma paixão que, mais do que mediada pelo desejo de revolução pessoal e coletiva, existe em estado puro. Da escultura (Lilie) e da poesia (François) a experiência estética passa a ser a da paixão.

“Amantes Constantes” convida a sofrer, por intermédio da beleza. Talvez ainda sejamos românticos nesse ponto. Ao ver este filme, uma ambigüidade que advém da natureza de nossa leitura do filme se instala: a alegria de descobrir uma beleza que o cinema ainda pode criar, misturada à tristeza fulminante do que ela significa. Confira!



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