Professora Sem Classe (Bad Teacher, 11). Direção de Jake Kasdan. 92 min. Comédia. Com Cameron Diaz, Justin Timberlake, Lucy Puch, Jason Segel, Phyllis Smith e John Michael Higgins. Columbia
É raro se ver um título nacional com duplo sentido como este. Nem por isso é muito engraçado, embora não me lembre de outro filme que traga como protagonista um personagem de professora secundária (da chamada Junior High School) que seja tão amoral, desagradável, promíscua e antipática quanta esta Elizabeth Halsey (foi também durante as filmagens que Cameron teve um romance com o cantor Justin Timberlake, que faz o papel de um colega professor nerd e rico e os dois demonstram uma especial falta de química entre si).
Embora Cameron seja notoriamente uma atriz limitada, ela sempre se sai bem em comédias e foi muito elogiada por esta sua interpretação despudorada, Elisabeth -sua personagem - é uma vigarista que deseja se casar com um homem muito rico (no filme há uma piadinha de gosto duvidoso sobre esportistas, que para não se arriscarem a cair nas mãos dela, usam sempre camisinha e chegam a levá-la para casa. O que não deixa de ser um alerta para nossos jogadores de futebol!).
Ela é professora (como chegou lá não ficamos sabendo), mas desinteressada e mau caráter porque tem a certeza que dará o golpe do baú. Só que a futura sogra impede o casamento e ela tem que retornar ao trabalho, passando filmes aos alunos só para matar o tempo enquanto planeja levantar dinheiro e fazer uma operação para aumentar o tamanho dos seios.
Mediocremente dirigido por Jake Kasdan. A crítica americana acha que o filme se inspira numa fita divertida, mas pouco vista aqui que foi Bad Santa/Papai Noel ás Avessas e todos concordam que o personagem é repulsivo demais para determinada faixa de público mais exigente.
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Lanterna Verde (Green Lantern) EUA, 11. Direção de Martin Campbell. 114 min.Com Ryan Reynolds, Peter Sasgaard, Blake Lively, Mark Strong, Tim Robbins, Angela Bassett, Jon Tenney, Jay O Sanders, Mark Doyle. Warner.
Atenção! Pra quem é fã do quadrinho não assista! O filme foge totalmente de estória do personagem. Talvez por isso foi uma das decepções da temporada nos EUA, onde já estreou há algumas semanas. Custou entre US$ 150 e 200 milhões e não passou de 115 nos EUA. Porque será?
De qualquer forma, já se fala que a carreira do ator Ryan Reynolds, que faz o papel central, está em crise (depois de muita badalação em cima de sua musculatura bombada). Deixando o (péssimo) ator de lado, o filme mais parece um desenho animado, digo animação, já que grande parte dele se passa no espaço sideral (até com momento à la Star Wars) com o Lanterna voando, vestindo uma roupa fosforescente (no caso criada por efeitos, daí o alto custo do filme) e os alienígenas usando maquiagens elaboradas. A estória, confusa, é meio difícil de seguir porque apresenta situações desconhecidas para o espectador leigo (tem muita narração off para ajudar a entender).
Reynolds basicamente se torna o Lanterna Verde por possuir um anel (o problema com a Lanterna é que ela precisa ser recarregada como uma bateria) e se torna assim um defensor do universo galáctico, contra as forças do mal! Verde é a cor da força de vontade e a moral simples da história é que não se pode e não se deve nunca ter medo de nada (o super vilão usará essa força do medo a seu favor).
O escolhido é um piloto de provas Hal Jordan (Ryan) que o roteiro faz questão de deixar claro é petulante, egoísta, destemido e antipático (um flashback tenta explicar isso porque ele viu a morte do pai na explosão de um avião, quando corria para tentar salvá-lo). Mesmo quando se transforma no super-herói não chega a mudar tanto assim porque o roteiro quis dar algumas piadinhas para Ryan Reynolds, que era mais conhecido como humorista.
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Um Sonho de Amor (I Am Love/Io Sono Amore). Italia, 09. Direção de Luca Guadagnino. Tilda Swinton, Flavio Parenti, Eduardo Gabbriellini, Gabriele Ferzetti, Marisa Berenson, Alba Rochwarcher, Diane Fleri, Maria Paiato. Paris Filmes. 120 min.
A tradução literal seria "Eu Sou o Amor", que era muito mais poético e sugestivo. Este filme é recomendado para quem tem saudade do velho cinema italiano. Raramente vê-se um diretor com um olhar tão particular, tão original quanto o do italiano Luca Guadagnino (que tinha feito antes vários documentários, sendo que dois deles com a mesma atriz daqui a vencedora do Oscar, Tilda Swinton).
Não é à toa que o filme impressionou tanto a crítica americana porque fazia tempo que não se via no cinema italiano alguém com a capacidade de um Visconti, de utilizar a cenografia, os espaços (vazios ou mobiliados) de forma tão dramática. No fundo é uma mansão que é protagonista e também o retrato de uma família de classe alta burguesa de Milão, que esconde seus segredos (durante a guerra ajudaram os fascistas e exploraram judeus) diante da decisão do patriarca (o antológico Gabriele Ferzetti) de passar o comando para o filho e o neto. Mas essa intriga na verdade é secundaria. Como faz supor o título, os temas são dois outros: o amor e a comida.
A inglesa e estranha Tilda (faz uma russa que se casou com o italiano e fala as duas línguas que aprendeu para o filme) apoia o filho mais velho que resolve abrir um restaurante refinado numa montanha em San Remo, junto com um amigo de origem camponesa, que é um talento na cozinha. A princípio achei que havia uma relação gay entre eles, mas depois é que vem a revelação, o chef fica atraído é pela mulher madura e os dois vivem uma relação alucinada e passional (a fotografia é esplêndida, mas o que impressiona é como o diretor escolhe detalhes, momentos, que deixam a marca no espectador). É preciso louvar também todo o elenco preciso e apaixonado (que incluiu a irreconhecível Marisa Berenson, de Cabaret, em papel de avó) e em particular a grande Tilda (que também é co-produtora).
Talvez o filme se perca um pouco no desenlace, mas mesmo assim, sem dúvida, é um dos poucos filmes nos últimos tempos que é elegante, delicado, passional, fora do comum. Um nome a guardar e um filme para se ver e rever.
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Este é o terceiro longa-metragem do ator Carlos Alberto Ricelli e sua primeira comédia. Também é seu melhor trabalho, vencedor em Paulinia do Prêmio do Público e de atriz coadjuvante (a espanhola Marta). Casado há muitos anos com Bruna Lombardi, os dois durante algum tempo moraram em Los Angeles, onde cursaram cinema e se preparam para este salto artístico, ousado em particular para Ricelli
Onde Está a Felicidade? é uma bem-sucedida mistura de Almodóvar com pornochanchada, sensacional! Bruna Lombardi revela especial talento para o humor, fazendo uma apresentadora de programa culinário da TV (com especialidades eróticas) que entra em crise quando perde o emprego e o marido, suspeito de infidelidade (ele é um comentarista esportivo também da TV e aquelas mesas redondas também são bem satirizadas, inclusive com a melhor interpretação até hoje do sempre confiável Bruno Garcia).
O jeito é inventarem uma viagem para a Espanha em que Bruna irá gravar junto com seu fiel produtor imagens e entrevistas dela no lendário Caminho de São Tiago de Compostela (só faltou o Paulo Coelho lá).
Grande parte da aventura é seguindo a chamada Via Láctea, que é a famosa trilha de peregrinos, o que aumenta o interesse turístico do filme. Mas diversão mesmo são com as piadas, as sacadas, e com o final pra cima. Uma recomendada diversão.
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