quarta-feira, 5 de outubro de 2011

“TUDO AO MESMO TEMPO AGORA”: 20 ANOS DO ÁLBUM MAIS PUNK DOS TITÃS


“Tudo ao Mesmo Tempo Agora” é o sexto álbum de estúdio da banda brasileira de rock Titãs, lançado em 1991. É considerado o disco mais pesado da banda.

Das viagens eletrônicas para o rock nu e cru. Isso é o que se pode dizer sobre a transição estética que os Titãs promoveram entre “Õ Blésq Blom”, de 1989, e este álbum. “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” mostra a banda em um meio-termo entre o punk rock dos Stooges e as novas sonoridades do movimento grunge que então florescia em Seattle. O disco é o único trabalho da banda em que os próprios integrantes assumiram o encargo de produzir as faixas, encerrando uma vitoriosa parceria com o produtor Liminha (considerado o "nono titã"). Os oito Titãs dividiram entre si os créditos das quinze faixas, embora nem todos tivessem participado da composição de todas as canções.

Lançar um trabalho como "Tudo ao Mesmo Tempo Agora" era algo arriscado num tempo em que os artistas de música sertaneja dominavam um mercado fonográfico em recessão num contexto econômico idem - uma das marcas da chamada Era Collor.

O disco não conseguiu chegar à marca das 150 mil cópias vendidas e, não bastasse isso, sofreu muito na mão da crítica. Contribuiu para a fria e ácida recepção ao trabalho o teor das letras, que, em grande parte, eram agressivas e recheadas de palavrões. Exemplos são a faixa de trabalho "Saia de Mim", assinada por Arnaldo Antunes ("Saia de mim como um peido/Tudo o que for perfeito"), e "Isso para Mim É Perfume", cuja letra, segundo seu autor, Nando Reis, é sobre o máximo de intimidade a que se pode chegar num relacionamento ("Isso para mim é perfume/Suor, fedor/Isso para mim é garboso/(...)/Cheirar sua calcinha suja na menstruação/(...)/Amor, eu quero te ver cagar").

A crítica considerou infantil o conteúdo do trabalho - e o irônico é que se tratava dos mesmos críticos que ovacionaram a escatologia dos Titãs em "Cabeça Dinossauro", de 1986.

Apesar dos contratempos, os shows da banda seguiam em alta. Apresentações sólidas se seguiram no antigo festival Hollywood Rock em janeiro de 1992, às vezes em jam sessions juntamente com os Paralamas do Sucesso. Porém, em dezembro de 1992, durante os ensaios para o futuro disco Titanomaquia, Arnaldo Antunes, alegando desejar se dedicar aos seus trabalhos paralelos, comunicou sua saída do grupo, em outro duro golpe para a banda.

Tudo ao Mesmo Tempo Agora”, incompreendido e comercialmente fracassado, provar-se-ia curiosamente influente quinze anos depois, quando a cantora de MPB Maria Bethânia regravou a faixa "Agora" no disco “Mar de Sophia. Outro artista que defendeu o disco foi o irmão de Bethânia, o cantor e compositor Caetano Veloso - cujo disco “, lançado em 2006, tem uma sonoridade reminiscente da crueza de “Tudo ao Mesmo Tempo Agora”. Confira!

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