No mês passado, um dos mais influentes e importantes discos da música brasileira completou quarenta anos. O disco em questão é “Clube da Esquina”, de Milton Nascimento e Lô Borges. Muito além de uma simples junção de duas ruas, ele foi um encontro de poesia, de literatura, de almas e de música. É um dos álbuns citados no livro “1001 álbuns que você deve ouvir antes de morrer” e foi eleito em uma lista da versão brasileira da revista Rolling Stone como o sétimo melhor disco brasileiro de todos os tempos. O Clube da Esquina, além de ter sido um dos movimentos musicais mais importantes da cultura nacional, rendeu belos frutos, como esse álbum.
Nada será como antes
O disco “Clube da Esquina” foi, sem dúvida, um divisor de águas da música brasileira por trazer inovações harmônicas e rítmicas para a época: as várias cores musicais do erudito de Wagner Tiso, do canto gregoriano do Milton Nascimento, as letras bem elaboradas de Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos, o jazz de Toninho Horta e pop beatle de Beto Guedes e Lô Borges. Junte a tudo isso as diferentes referências culturais do grupo: o cinema de Truffaut, filosofia existencialista de Sartre, a literatura beatnik, a cultura cigana, o estilo de vida do interior mineiro. Dentre os muitos clássicos, a música “O trem azul”, de Lô Borges, é uma balada estilo blues, com letra fortemente influenciada pelo livro “On the Road”, de Jack Kerouac. A canção já foi gravada até por Tom Jobim. “Nada será como antes”, cantada por Milton, é uma canção poderosa, de estrada e de resistência à Ditadura. Em “Tudo que você podia ser”, a tônica são as questões existenciais. Por seu turno, “Trem de doido”, tem um sabor beatle e uma ótima letra. Destaque para guitarra solo de Beto Guedes. Por fim, “Paisagem da janela”, de Lô e Fernando Brant, é uma grande balada, tema de novela e, talvez, a mais conhecida do álbum.
O “Clube” é o estilo de música mais influente da música brasileira, depois da Bossa Nova. Músicas delicadas, cheias de encanto e sutilezas fizeram a cabeça de muitos grupos de Minas, como Skank, Pato Fu e 14 Bis, e músicos da categoria de Caetano Veloso, Rita Lee, Gilberto Gil e Chico Buarque. O álbum também é conceituado internacionalmente, Belle and Sebastian, Paul Simon, James Taylor, Peter Gabriel e Björk estão entre os fãs. Artistas da MPB atual também reverenciam a obra, o cantor Lenine afirma: “‘Cais’ é muito emblemática. Foi a primeira canção do disco que me chacoalhou! Aquele sentimento praieiro, pós-Dorival, foi um porto seguro para minha alma irrequieta de adolescente roqueiro. Já Marcelo Camelo (ex-Los Hermanos), pondera: “‘Um girassol da cor do seu cabelo’ é a música mais bonita do álbum. É difícil ouvir hoje em dia os discos considerados clássicos, já que os ouvi muito, principalmente os dos anos 1960 e 1970, época muito fértil. Assim como trabalhos de Tom Zé, Chico Buarque e Tom Jobim do período, acredito que o álbum ‘Clube da Esquina’ apontou caminhos para a música brasileira”.
(Ricardo Salvalaio/ Overmundo/ Museu da pessoa)
O disco,por si só é mara...maravilhoso...e porra,um puta clássico da nossa MPB e um marco na hisstória da MPB.Digo que esse Lp tá no meu disclist e está em terceiro lugar ao lado de "Titãs - Cabeça Dinossauro" (1986) e "Secos & Molhados" (1973,o do banquete).
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