sábado, 17 de março de 2012

"LICENÇA CRÔNICA": SANDRO BAHIENSE


Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta", trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas. Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço é http://sandrobahiense.blogspot.com/. Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira, abaixo, a crônica intitulada "O fim do mundo 2”:

O FIM DO MUNDO 2

“Alguém falou do fim do mundo, o fim do mundo já passou...”

Esse trecho retirado da música Vamos fazer um filme? da banda Legião Urbana não veio parar aqui à toa. Muitas pessoas afirmam que em 2012 o mundo irá acabar. E eu afirmo categoricamente: Estão errados! Pois o mundo já acabou! E faz tempo. A cada dia que passa o mundo acaba e nasce de novo, acaba e nasce de novo. É um ciclo esquisito, estranho e, por vezes, muito dolorido. A cada assassinato, estupro, menina caindo de brinquedo de parque de diversão ou dinheiro ridiculamente guardado em cuecas percebemos que o mundo acabou. Acabou a vergonha, a decência, o respeito e a civilidade.

Morreram todos os bons costumes e só restou uma estranhíssima passividade do povo, dos governantes, minha e sua. Morreram o bom senso e o senso de justiça também. Mas quem disse que desistimos? Quem disse que o mal sempre vence? Renascemos a cada transplante de órgãos, a cada vida salva, a cada guerra que acaba ou que é evitada. Renascemos quando ajudamos um mendigo, quando lhe damos o pão que mata parcialmente sua fome. O mundo renasce quando eu me preocupo em saber o que o mendigo comerá depois que este pão acabar...

O mundo renasce a cada nova tecnologia criada, a cada braço mecânico que auxilia o antes deficiente... O mundo é brabo, guerreiro e marrento e não desiste fácil. Estamos empatados. Mal e bem golpeiam e contra golpeiam como num duelo de espadas em que sangues rolam por debaixo de uma ponte que parece que é maior do que a Rio-Niterói.

Nunca um touche ou um xeque-mate é suficiente, sempre há espaço para mais um contra golpe. E nós somos peças importantíssimas nesse embate. Contudo, ingenuamente, achamos que usamos o bem ou mal a nosso bel-prazer, quando na verdade somos marionetes em um jogo de tabuleiro duro e trincado e que não tem dó nem piedade. Falamos em fim de mundo aqui, não há espaços para sentir pena de ninguém! Sejamos cascudos... Mas sem perder lo carinho. Vamos recomeçar os nossos mundos! Ainda há tempo! Sempre há tempo! Alguém falou do fim do mundo, outros falam do fim do mundo, outros falarão... Ah vão fazer um filme sobre isso...

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