terça-feira, 23 de julho de 2013

CRÍTICA DO FILME 'O CONCURSO'

Mais um filme nacional de comédia promete aquecer as bilheterias brazucas. A bola da vez é 'O Concurso', trama protagonizada por Fábio Porchat que estreou neste fim de semana nos cinemas do estado. Confira a crítica completa acerca do filme lendo a matéria completa.


Para rir ou chorar?
'Se Beber Não Case' brasileiro divide opiniões

Gera-se um maior responsabilidade e torna-se mais difícil expor sua opinião sobre um produto artístico quando ele desperta em outras pessoas tantas divergências quanto a sua qualidade. Isso foi o que me aconteceu quando saí do cinema após ver o filme 'O Concurso'. Uns amaram. Outros odiaram. E todos com um ponto em comum: Estes sentimentos eram vividos com veemência! Daí, então, aponto a primeira virtude do filme: Ele mexera com você! Seja para o lado bom, seja para o lado ruim.     

A trama

Quatro candidatos a juiz federal precisam fazer uma última prova, no Rio de Janeiro, e três deles vieram de outros estados. Um é gaúcho (Fábio Porchat), sofredor com a pressão do pai para fazer frente a famigerada "macheza" do povo dos pampas, o outro é um nerd caretinha (Rodrigo Pandolfo) vindo do interior paulista e o terceiro é um cearense (Anderson Di Rizzi), devoto de todas as crenças. 


O quarto candidato (Danton Mello) é carioca e malandro que só ele, e que cisma que só existe uma chance deles passarem no teste: roubando o gabarito. Faltando cerca de 48 horas para o grande dia, eles vão se meter com a bandidagem durante um fim de semana totalmente maluco. 

Tudo fica ainda pior, pois na noite anterior ao famigerado concurso, os quatro rapazes tem uma "PT", uma perda total de memoria que afetará seus desempenhos durante a fatídica avaliação. 


Elenco

O diretor estreante Pedro Vasconcellos optou pelo caminho mais fácil da comédia: Estereotipou todos os personagens do filme. O gaúcho de Pelotas é gay enrustido, o cearense é um religioso fervoroso, o paulista é nerd (com direito a suspensório e tudo) e o carioca é malandro. Até a gostosa da Sabrina Sato faz um papel de... Gostosa!

Logo acusar os atores de serem caricatos perde o sentido, pois a ideia era exatamente essa. Com isso fica difícil "comprar a briga" dos personagens, uma vez que parece que estamos nos dando com um 'Zorra Total' na tela grande, ou seja, tudo é muito superficial, frio, superfluo.


Nisto, Fábio Porchat, a figurinha mais carimbada do elenco, fica desperdiçado, perdendo espaço para Anderson Di Rizzi (o cearense) que é o que consegue se sair melhor nessa pegada caricata da qual o filme se propõe. 

A posição da direção do filme quanto a seus personagens foi o primeiro ponto de divergência de quem assistia o filme. Enquanto uns gargalhavam com os sotaques e as piadas regionalistas, outros se mostravam irritados com a tentativa de humor fácil.

'Se Beber Não Case' brasileiro

Um consenso é que o filme toma bastante (bastante mesmo) o filme norte americano 'Se Beber Não Case' como referencia. Se o filme de Tom Hoover já não era novidade, imagine uma versão tupiniquim do mesmo? 


Houve quem apontasse o fato de que adaptar as situações e os personagens à realidade de nosso país, fazia com que Vasconcellos ganhasse um salvo conduto por copiar tanto o filme gringo, mas já outros apontaram que tais adaptações só foram um recorte, colado, em cima de uma figura já pronta (mais divergências...).

A pegada da direção de Pedro, inclusive, tem muito do filme americano, pois 'O Concurso' bem que tenta ser politicamente incorreto abusando das piadas sexista, regionalistas e homofóbicas. O ponto alto da falta do politicamente correto é uma briga de anão (recheada de piadinhas) que, admito, eu não achei a menor graça.


A crítica

Fiquei em cima do muro até agora, pois quis salientar que o filme pode soar engraçadíssimo para uns e terrível para outros. E eu estou exatamente na coluna B. Não gosto de filmes que exponham caricaturas ainda mais quando elas não são mais novidades.

No mais, todas as piadas regionalistas eram extremamente sem graças o que fazia termos estes personagens das mais diferentes regiões do país desnecessárias. Fora fazer bem aos olhos masculinos, o que fazia Sabrina Sato no filme? Pedir para "ser comida" quatrocentas vezes, perdeu a graça na segunda vez que ela fazia pedido tão ordinário.

Já está cansando ver estes filmes nacionais sem profundade e que, no frigir dos ovos, se parecem uns com os outros. 'O Concurso' pode até mexer com você na hora, mas não é marcante. O medo de inovar, o fazer fácil, isso sim, é uma piada sem graça.

Mas pode ser que você tenha uma opinião bem contrária a mim, afinal o lema de 'O Concurso' é ame-o ou deixe-o.


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