Neste mês de maio, 74
livros argentinos que pertenceram aos escritores Lídia Besouchet (1908-1997) e
Newton Freitas (1909-1996) compõem a exposição da Biblioteca Pública do
Espírito Santo - Levy Cursio da Rocha (BPES), em Vitória. Intitulada
"Leituras do Exílio", a mostra pode ser visitada até o dia 31 de maio
e fica aberta de segunda a sexta-feira, das 8 às 19 horas
Gaúcha de nascimento,
Lídia Besouchet radicou-se em Vitória na adolescência, onde conheceu o capixaba
Newton Freitas, com quem se casou anos depois. Por suas posições políticas de
esquerda, o casal foi perseguido pela ditadura varguista e exilou-se na Argentina,
onde residiu e trabalhou nos anos de 1938 a 1948. De volta ao Brasil, eles trouxeram
um acervo de livros argentinos reunidos durante o exílio e que foram doados à
BPES em 1950. Aproximadamente 180 títulos reúnem obras da literatura, história,
ciência política, cultura popular, entre outros.
Entre os livros expostos
estão "Correspondencia privada con los principales hombres públicos,
americanos y europeos", de Herrera y Obes, "Descontento creador:
Afirmación de una conciencia argentina", de Romualdo Brughetti e
"Cartas polémicas sobre la guerra del Paraguay", de Bartolomé Mitre y
Juan Carlos Gómez. Há também um belo conjunto de títulos da Colección Buen Aire
- livretos de 50 a
100 páginas sobre assuntos variados refinadas ilustrações coloridas em suas
capas.
O acervo ainda conta com a
presença do artista Carybé como ilustrador dos livros "Amores de
juventud", de Casanova, e "La carreta", de Enrique Amorim. As
minorias étnicas da região, sobretudo negros e índios também são temas
retratados em diversos títulos presentes na coleção, como "El negro
rioplatense y otros ensayos", de Ildefonso Valdés, "Caquiaviri:
Escuela para los indigenas bolivianos", de Rafael Reyeros, "Problemas
indígenas americanos", "Voces de supervivencia indígena" e
"Los morenos", este sobre a população negra de Buenos Aires no século
XIX, além do romance "Juyungo: Historia de un negro, una isla y otros
negros", do equatoriano Adalberto Ortiz, e do Libro de Chilam Balam de
Chumayel, uma tradução de antigos manuscritos maias.
Entre os exemplares,
alguns títulos têm como foco o Brasil, como um "Rugendas" abreviado e
"El Brasil moderno", de Ricardo Sáenz Hayes. Também podem ser
encontradas algumas traduções espanholas de obras brasileiras em prosa:
"Esaú y Jacob", de Machado de Assis, "Inocencia", de
Taunay, "Salomé", de Menotti del Picchia, "Los sertones",
de Euclides da Cunha, e "La guerra del Paraguay", de Joaquim Nabuco.
Vanda Souza Netto, no
livro "A embaixadora das artes: Vida e obra de Lídia Besouchet",
publicação da Prefeitura de Vitória, apresenta como os dois escritores se
integraram muito bem na comunidade intelectual de Buenos Aires. Ali se tornaram
divulgadores da cultura brasileira, publicando livros escritos em parceria,
como "Diez escritores del Brasil" e "Literatura del
Brasil", colaborando intensamente na imprensa local.
Além disso, nesse período, Newton Freitas publicou "Cantos y leyendas del
Brasil" e "Alôs afro-brasileños", este último com ilustrações de
Carybé. Quanto à Lídia, edições argentinas de seus romances "Condición de
mujer" e "El mestizo" e de suas biografias do Barão de Mauá e do
Visconde de Rio Branco precederam as edições brasileiras. Infelizmente, da
produção do casal na Argentina, apenas os dois livros de Newton Freitas
integram o acervo doado à BPES.
SERVIÇO
Exposição Leituras do Exílio
Local: Biblioteca Pública
do Espírito Santo, Av. João Batista Parra 165, Praia do Suá - Vitória, ES.
Visitação: de 02 a 31 de maio, de segunda a
sexta-feira
Horário: 8 às 19 horas
Entrada Franca
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