Sandro Bahiense é professor, bibliotecário e amante das
coisas que envolvam escrita. Lançou em 2008, em parceria de Ricardo Salvalaio e
de mais 7 colegas poetas, a coletânia de poesias "8 Vezes Poeta",
trabalho em que pôde expor um pouco de seus sentimentos e arte. Ficou conhecido
entre os colegas da UFES por fazer uma crônica para cada um deles. Além de
crônica e poesia, Sandro também escreve artigos de opinião, contos e máximas.
Tais trabalhos podem ser vistos em seu próprio blog cujo endereço
é http://sandrobahiense.blogspot.com/.
Sandro trabalha também, claro, neste blog como um dos colunistas. Confira,
abaixo, a crônica 'O teatro de um vampiro'
O teatro de um vampiro
Há 16 anos,
infelizmente, o Brasil perdia um de seus maiores poetas e músicos:
Renato Russo. Vitimado pela doença da hipocrisia dos humanos, Russo não
resistiu a tantas barbaridades, à tanta banalização da violência, à
prostituição de nossas crianças e a absoluta falta de intelecto. Morreu,
desapareceu, foi para o espaço.
Deixou de
agoniar as mazelas do mundo, cada vez maiores, cada vez mais intensas e,
repito, cada vez mais banais. Pressupôs que não teríamos mais o apuro
auditivo de outrora e que, nos idos de 2011/2012, louvaríamos cantores
onomatopeicos que cantam o sexo na mais pura implicidade.
Adivinhou
que o politiquismo corretismo inundaria o país e que, apesar disso, o
usaríamos erroneamente, perseguindo comediantes em vez de corruptos.
Vislumbrou que violência e ignorância seria engraçado. E que vibraríamos
porque alguém apanhou na TV. Pior: Vibraríamos porque alguém apanhou ao
vivo. Tempos de odes violentus.
Renato
cansou de dar murro em ponta de faca, até porque a faca (assim como os
sorrisos) estavam enferrujados. Que país é este? Alguém irá bradar. De
que adianta protestar se a gente ainda não aprendeu a sentir?
Pais,
filhos, espirito santo... Gente que usa a religião de forma imperfeita.
Gente que se aproveita da carência do povo. Que pena! Bora pro espaço,
pra Via-Láctea. Estrelas são as nossas lágrimas.
Um dia a
nossa nova juventude vai entender, eu sou um vampiro, me sinto deslocado
neste mundo de alienados. Eu não sou alien, só estou num teatro: O
teatro dos resistentes. Eu acredito e vou alcançar. Renato vive em cada
grande ideia!
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