Rodolfo Simor (1980) é guitarrista/ violonista da banda Solana, arranjador, diretor e produtor musical. Confira, abaixo, a entrevista com o artista:
1 – Olá, Rodolfo. Primeiramente, como começou a sua paixão pelas artes – e em especial para a música – foi uma coisa sua, de estalo, ou teve influência familiar?
Resposta: Cresci num ambiente bastante musical. Meu pai era radialista da Rádio Difusora de Cariacica (muito conhecida na época) e em minha casa acontecia muitas rodas de samba e seresta... Ouvíamos muita música em casa e a coisa ficou mais séria quando ganhei dos meus pais um disco do Milton Nascimento em 1986. E ainda coleciono todos os LP’s do acervo da família.
2 – Quando que essa sua paixão pela música iniciou? Foi ouvindo algo em especial? Você sempre se interessou por rock ou outros nichos musicais o atraiam? Quais são suas maiores influências?
Resposta: Minha paixão começou muito cedo tentando tocar qualquer instrumento que me descem nas rodas de música lá em casa. Mas o violão me atraiu, pois tinha o meu avô que tocava e eu tentava aprender os primeiros acordes com ele, isso bem pequeno ainda. Com 8 anos fui fazer minhas primeiras aulas. Na adolescência, o rock foi avassalador para mim e minha geração, e me interessei pela guitarra. Formei minha 1ª banda “Scória”... (risos). E nas garagens e ensaios tentava tocar bateria e baixo. Mais tarde, já trabalhando como músico percebi que o samba e a música brasileira eram muito naturais na minha maneira de tocar. Fazendo aulas comecei a me aprofundar no jazz e na faculdade me deparei com a música concreta. E minha formação ficou muito pluralista que fica difícil destacar as influências, mas as que consigo lembra agora são: Milton Nascimento, Cartola, João Bosco, Toninho Horta, Pat Metheny, John Scofield, Hélio Delmiro, Led Zeppelin, Caetano Veloso, Radiohead, John Cage, Stockhausen, Debussy, Beatles, etc...
3 – Você é guitarrista/violonista, arranjador e diretor musical. Atua como músico desde 98 e estudou violão erudito na Faculdade de Música do Espírito Santo (FAMES). Conte-nos como foi seu início. Os estudos, a vida de músico profissional.
Resposta: Comecei aprendendo os acordes com meu avô e depois fiz aulas quando estava com 8 anos. Entrei na FAMES para estudar violão erudito, mas não fui até o fim, e fui me aprofundar em estudar guitarra. Depois fiz Música Popular na FAMES e Licenciatura em Música na UFES. Aprendi muito acompanhando artistas e toquei com muita gente no ES. O começo foi bem difícil, tocava em Vitória e morava em Cariacica – às vezes gastava todo o cachê com táxi de volta. Na época, não tinha a internet para obter informações, tirava músicas ouvindo vinil ou K7.
4 – Você estudou Licenciatura em Música na UFES e fez aulas com músicos renomados como Nelson Farias (RJ), Bernardo Bosísio (RJ) e Marquito Cavalcanti (SP). Lecionou guitarra na Escola de Arte Musical Dourados. Você acha que o estudo deve sempre está ligado à técnica (feeling) ou, em certos casos, o dom prevalece só?
Resposta: Costumo dizer que o dom é apenas uma inclinação para alguma coisa, o que gera o interesse. Mas todo músico tem que estudar de alguma forma, fazendo aulas ou autodidata. Cada um tem que buscar os caminhos, as possibilidades, os encontros...
5 – Você entrou para a banda Solana após eles lançarem o primeiro álbum “Quanto Mais Pressa, Mais Devagar”. Como foi assumir as guitarras que eram de Rafael Rocha? Fale-nos acerca desta experiência.
Resposta: Foi muito mais natural para mim do que pro Solana, eu acredito... (risos). Entrei num momento de mudanças da banda e logo nos concentramos em trabalhar nas músicas que viraram o “Feliz, Feliz”.
6 – Você participou do segundo disco do Solana, “Feliz, Feliz” (2008). Com sua guitarra e liderança maior de Juliano Gauche (depois da saída de Dante Ixo), quais as principais mudanças que você enxerga entre o 1º e o 2º disco? Como você avalia sua contribuição?
Resposta: Nesse momento, o Solana se apropriou muito do seu trabalho. Nós mesmos o produzimos e ensaiamos durante 1 ano para chegarmos em estúdio e gravarmos o disco “quase que ao vivo” – todos tocando juntos, com a sonoridade parecida dos discos dos anos 70, com os arranjos resolvidos apenas no quarteto. Isso se difere muito do 1º disco. Eu, particularmente, me enxergo com alguém que precisa orquestrar os detalhes da banda... tenho um trio comigo (Juliano, Murilo e Bento) que faz uma base viceral e com muita dinâmica. Eu geralmente canto melodias na cabeça e depois tendo traduzí-las na guitarra.
7 - O disco “Feliz, Feliz” (2008), pode ser baixado no site do Solana gratuitamente. O Radiohead foi quem iniciou esse processo em 2007 ao lançar o disco “In Rainbows”. Como você enxerga a internet como ferramenta de divulgação? E como foi a recepção do público com essa nova forma de distribuição de arte?
Resposta: Acho que o público sempre quer consumir música e os meios vão mudando com o tempo. A internet democratizou muito o acesso. A internet possibilita muitas coisas, mas não é tudo. Muitas pessoas tem o disco do Solana porquê baixaram, mas muitas outras compraram o CD e se fizéssemos um LP outras também teríam adquirido. Lógico que é mais prático ter músicas no celular e ouvir em qualquer momento.
8 – O Solana teve um clipe exibido no quadro Garagem do Faustão, no famoso programa de Fausto Silva na Rede Globo. Como se deu tal fato?
Resposta: Ninguém sabia direito do que se tratava na época... (risos). Eu enviei o vídeo e ficamos surpresos com os acontecimentos. Mas é óbvio que o Solana não tem o apelo popular de um programa como o Faustão, mas os jurados foram unânimes em nos citar... (risos).
9 - Você é um dos guitarristas que mais tem se destacado aqui no estado (já tocou com Marcela Lobbo, Amaro Lima), e além de excelente músico, também é um ótimo produtor (já produziu nomes como Edivan Freitas e Aline Pignaton). Fale-nos acerca dessa sua veia de produtor musical.
Resposta: Produção sempre me fascinou. Desde muito novo eu lia as fichas técnicas dos discos, queria saber como eram feitos e tal. Fui somando experiências em estúdio e depois fiz um curso de produção, pois sabia que queria me dedicar a isso. Talvez pela audição de tantas músicas e gêneros desde garoto me ajudou a contribuir com o trabalho dos artistas que já trabalhei e ainda trabalho. A vontade de aprender e experimentar é o que fazem alguns artistas me escolherem para colaborar em suas histórias.
10 – Como você enxerga o nosso cenário musical?
Resposta: O cenário musical do ES é riquíssimo, muitos artistas de qualidade, músicos e etc. O que é estranho aqui é a maneira como o grande público se interessa pela arte e acaba que não temos tantos espaços e cachês dignos para tocar. Precisamos de meios e investimentos que façam o mercado sobreviver. Não espero que aconteça um fenômeno que resolva isso, quase que como uma “redenção messiânica”. As coisas vão melhorar com muito empenho.
11 – Quais são os projetos de Rodolfo Simor para 2012? O que podemos esperar? Um disco do Solana, talvez?
Resposta: Eu sou um dos que estão a frente do FAM STUDIO que tem revelado muitos artistas e feito excelentes trabalhos com artistas já conhecidos. Já está saindo do forno novo disco da Marcela Lobo, um trabalho com o Projeto Feijoada e muitos outros para acontecer. E para quem está acompanhando pela internet, o Solana já começou a gravar o 3º disco “Veneza”... vem coisa boa por aí.
Muito boa a entrevista. Acho o estilo do Rodolfo muito foda.
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