Talvez exista mais Arte do que o que nos disseram os críticos.
Existem muitas discussões sobre o que é ou não é arte, uns afirmam que Arte (com letra maiúscula) é produzida apenas para ser apreciada, pelo valor intrínseco, a arte pela arte. Portanto, não é algo criado por sua utilidade, pelo valor funcional, descartando o design, por exemplo. Desse modo, quem visitou no ano passado a exposição “Anticorpos” dos Irmãos Campana (sim, eles são os designers da Melissa Campana), no Museu Vale, deve saber que aquelas (estas) peças não seriam consideradas Arte:
Sendo assim, obras supervalorizadas (financeiramente mesmo) e reconhecidas mundialmente deveriam perder o título de Arte, pois foram encomendadas por alguém, criadas (por dinheiro) para cumprir um papel, exercer a função de objeto decorativo, de registro, memória de família.
Como a obra "A criação de Adão", de Michelangelo Buonarroti, encomendada (e paga) pelo Vaticano para decorar o teto da Capela Sistina.
Ou o quadro "Dama com Arminho", de Leonardo da Vinci, que se trata de um retrato de Cecília Gallerani, encomendado por Ludovico Sforza.
- Então, o inusitado “A Lição de Anatomia do Dr. Tulp” encomendado a Rembrandt pelo médico Nicolaes Tulp, também não seria Arte, apenas, arte?!
- Exato, nem o Castelo de Kelburn, na Escócia, pintado pelos OSGEMEOS e os artistas Nina e Nunca seria Arte.
Ocorre que as pessoas visitam os museus por diversas razões, para conhecer, contemplar, sentir, questionar, ver, para conjugar inúmeros verbos e sensações. Pois seja uma tela, uma escultura ou uma instalação, a Arte nos inspira e nos instiga a dar-lhe significados, a desvendarmos os sentimentos que seu autor lhe depositou.
No entanto, existe a tendência de se valorizar a Arte que ensinam nas Academias, as obras que grandes críticos definiram como espetaculares, e não percebemos que a todo momento temos obras magnificas a serem contempladas, expressões que fazem parte do nosso cotidiano, que são repletas de argumentos, sociais ou não, e de beleza. Porém, não são percebidas em sua plenitude, são imcompreendidas e até estigmatizadas.
Como aconteceu com o mictório de Duchamp. Atualmente considerado o trabalho de arte moderna de maior influência na história da Arte (vide Folha.com)
Por isso, vale a pena olhar mais ao redor, questionar mais e aceitar menos. Pois não é digno de contemplação apenas o que se pendura nas paredes dos museus...
(Texto de Jocilane Rubert publicado no Portal Iuuk, na coluna Múltiplas Manifestações, no dia 17/02/2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário