A morte precoce de Clara Nunes reforçou a mitologia que já a envolvia enquanto brilhava em palcos e discos. Por ocasião dos 70 anos que ela completaria no último domingo – se não tivesse sido derrotada aos 39, em 1983, por uma malsucedida cirurgia de varizes –, o mito Clara é reverenciado em discos, shows, documentário, livro e no memorial inaugurado no final de semana em sua cidade natal, Caetanópolis (MG).
"As gerações mais novas vêm tomando conhecimento de Clara, há seguidores. Não vai ser em vão a beleza que ela deixou", confia o compositor Paulo César Pinheiro, que era casado com Clara e, nas últimas décadas, cedeu tudo o que possuía da cantora para iniciativas de preservação e divulgação do trabalho dela.
Uma nova edição da caixa com todos seus 16 discos reunidos em oito CDs, lançada em 2004, sairá até o fim do ano com um nono CD bônus, de raridades. A discografia poderá ficar maior do que o conjunto que vai de "A Voz Adorável de Clara Nunes" (1966) a "Nação" (1982). O técnico de som Genival Barros tem em sua casa, em São Paulo, dois shows que gravou: "Sabor Bem Brasil", que rodou o país em 1974 e no qual Clara era mestre de cerimônias de Luiz Gonzaga, João Bosco, Altamiro Carilho e outros; e uma apresentação na Costa do Marfim, em 1979. Ele quer vender as fitas para a EMI, que ainda não concordou com os valores.
Quem descobriu o material inédito foi Vagner Fernandes, autor da biografia "Clara Nunes – Guerreira da Utopia", lançada em 2007 e que, revisada e com alguns acréscimos, ganhará nova edição. O jornalista também é o curador da caixa da EMI e o idealizador da série em seis episódios "Clara Guerreira", que o Canal Brasil exibirá em novembro.
O documentário se baseia em 42 depoimentos de artistas e imagens de arquivo. O sexto episódio será um show da baiana Mariene de Castro a ser gravado em setembro. Uma versão pode chegar ao cinema em 2013. Até o fim do ano, a EMI também pretende lançar em DVD um especial que Clara realizou para a TV Bandeirantes em 1973, acompanhada pelo grupo Nosso Samba, com direção de Roberto de Oliveira.
* Fonte: Jornal O Globo
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