É muito fácil desclassificar qualquer crítica feita aos trabalhos de Sacha Baron Cohen. Se o sujeito não gosta do que vê, ele é "politicamente correto" ou "não entende o tipo de humor empregado pelo comediante britânico".
O filme que o tornou conhecido para o mundo, o excelente "Borat", trazia o ator na pele de um repórter cazaque que parte para os EUA a fim de realizar um documentário sobre a sociedade norte-americana. Desconhecido e demonstrando uma falsa ingenuidade, o ator confrontava cidadãos e expunha os preconceitos da sociedade americana.
"Brüno", que veio em seguida, trazia boas piadas e criticava os "profissinais da fama", mas já não foi mais tão espontâneo. Com muito mais cenas ensaiadas ou "falsamente" reais, o filme acabou rumando para a escatologia e para piadas que constrangiam em vez de divertir.
Seguindo essa escalada, "O Ditador", que estreia sexta-feira no Estado, é tudo o que "Borat" não foi. E isso não é bom. Novamente dirigido por Larry Charles, o filme traz Sacha Baron Cohen como o Almirante General Shabazz Aladeen, o ditador da nação de Wadiya. Ele passa seus dias protegido por sua guarda de guerreiras virgens, preocupado com armas de destruição em massa, ordenando execuções e pagando para dormir com modelos, atrizes ou qualquer pessoa que o interesse.
Quando segue para os EUA a fim de realizar um inflamado discurso antidemocrático na sede das Nações Unidas, Aladeen é vítima de um golpe de Estado do qual escapa vivo, mas acaba sem sua preciosa barba e tendo que viver de favor com uma feminista ferrenha (Anna Faris, de "Todo Mundo em Pânico"), com quem se envolve romanticamente.
Previsível
"O Ditador" sofre do mesmo problema que boa parte das comédias: suas melhores piadas estão no trailer. Assim, quem tiver assistido a algum dos vídeos de divulgação do filme dificilmente será surpreendido com o tom das piadas do longa.
Megan Fox é apenas uma das milhares de “conquistas” do Almirante General Aladeen
Enquanto "Borat" divertia pelas autênticas reações dos coadjuvantes reais, "O Ditador" perde sua força justamente por ser todo roteirizado e nada espontâneo. Há, sim, algumas boas tiradas sobre os ataques de 11 de Setembro e críticas aos modelos políticos de países como China, Rússia, Cuba e dos próprios EUA, mas elas acabam diluídas na necessidade de ser ofensivas apenas porque é isso que esperam do filme.
* Fontes: Jornal O Globo, Cinepipoca, Cineweb
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