segunda-feira, 18 de março de 2013

CRÍTICA DO FILME 'A BUSCA' DE WAGNER MOURA

Lançado com o ambicioso intuito de fazer sucesso numa área em que só comédias tem sido campeãs de bilheteria, 'A Busca' surge, a princípio, como a primeira opção razoável de filmes nacionais de drama pronto para arrebatar nosso público nestes últimos tempos. Será que conseguirá? Confira agora na crítica do Outros 300.

A Busca

Belas cenas. História frágil
Filme foca em belas cenas e imagens, mas que, por fim, revelam-se descoladas de trama principal

A concepção de 'A Busca' foi feita pelos meios certos, mas pelos fins errados. Como assim? A rigor o discurso do diretor do longa Luciano Moura, da roteirista Elena Soarez e do ator e protagonista do longa Wagner Moura foi unanime em dizer que o cinema nacional tem vivido, basicamente, do sucesso de filmes de comédia. Logo 'A Busca' vinha com o pretensioso intuito de ser uma "opção de sucesso" para filmes de drama.

Tamanha pretensão, logo, faz com que tenhamos o dobro de rigor ao analisarmos o filme. Se veio para tirar os filmes de comédia do trono pelo menos que seja bom para isso. 


Mas o mais interessante do filme é que ele não conseguiu me convencer por completo em nenhum momento. Em algumas passagens o filme era ótimo, em outros, bom, mas em alguns era horrível, quase sofrível. Portanto se você me perguntar se o filme é bom? Te responderei sinceramente que não sei.

A trama

Na história, o médico Theo (Wagner Moura) vive um crise no casamento e o estopim para uma desenfreada espiral de acontecimentos é o desaparecimento do filho de 15 anos. Antes disso acontecer, porém, você é rapidamente apresentado a um cara que não aceita o divórcio e pai controlador que é, não suporta a ideia do filho ter contato com o avô paterno ("Ele não me conhece!! Não te conhece!!"). Após o sumiço do guri, o amor pelo rebento acaba reaproximando o casal no desespero e provocando reflexões.

a busca


Confira a matéria. 'Quem conto um conto...' humor na dose certa


Belas cenas, mas descoladas da trama principal

Logo Theo parte em busca de seu filho numa jornada onde procura a si próprio do que ao próprio jovem. Tudo é muito emblemático e figurado e a gente tem de abstrair o significado por trás de cada cena exposta.


O problema é que Luciano Moura exagera nas cenas de impacto (visualmente belíssimas) e acaba, por fim, não conectando-as com a trama principal. Com isso trechos que deveriam nos fazer chorar e nos lembramos para o resto da vida, são jogados fora por serem superficiais e artificiais além da conta.

O mais esquisito é que o roteiro é assinado pela ótima Elena Soarez (de Eu, Tu, Eles) e a gente fica com a quase certeza que tais cenas isoladas tinham conexão com a trama principal, mas foram sintetizadas para caber num filme de duas horas.

Só para você ter uma ideia, caro leitor, temos no filme uma cena em que Theo faz um parto de uma criança que poderia até ser seu neto (o filho dele teve um affair com a menina). A cena é linda! Mas não tinha absolutamente nada a ver com a história principal e não tem nenhuma relevância depois que acontece. Depois temos o Zé Pequeno (Leandro Firmino) um borracheiro que trocou um prato de comida por um desenho do jovem (francamente hein) e um homem que após atropelar Theo, decide enfrentar seu medo - refletido num quarto fechado não se sabe muito bem por qual motivo - só porque se compadeceu do homem. O significado de tais cenas para a trama principal? Nenhuma!


Wagner Moura mais em forma do que nunca

Essas cenas descoladas incomodam, mas não estragam o filme. 'A Busca' é uma trama interessante, bem pensada e bem interpretada. A história nos faz refletir e pensar e não deverá ser surpresa se alguns pais se sentirem vividos pelo filme.

Grande parte disso se deve a Wagner Moura, único ponto 100% positivo do filme. O cara está no auge da forma e consegue até salvar um roteiro esquisito de um retumbante fracasso. Foi graças a sua atuação que 'A Busca' fugiu de cair nos pieguismos sentimentais baratos e ao mesmo tempo escapou de ser mais complexo e subjetivo que já é. 

a busca

O filme ainda tem o sempre excelente (mas não mais tão exigente com seus papéis) Lima Duarte, uma razoável Mariana Lima e um surpreendente Brás Antunes na pele do jovem que foge (reconheceu o sobrenome? Brás é filho de Arnaldo Antunes). Além de um elenco de apoio de primeira linha.

O filme pode, assim como aconteceu comigo, te despertar as mais diversas sensações e mais uma vez reitero: Não sei se o filme é bom, não sei se o filme é ruim, mas "A Busca' é um filme que mexe com você, então... Vá vê-lo e a gente decide o que acha depois.

12 comentários:

  1. Gostei do filme. O Wagner Moura sabe ser intenso e preciso em todos seus papéis. Beijos Ludmila Pinheiro

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  2. Adorei o filme, faz o telespectador refletir bastante em relação ao conceito: Familia. Muitas cenas não são claras, mas permite que cada um de nós possamos criar a própria história, como exemplo no final....Eu criei meu próprio final.

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  3. Confesso que esperava mais... No entanto, vale pela sempre brilhante atuação do Wagner Moura e pelo afeto que desperta: é literário... filme bom pra se assistir de preferência sozinho...

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  4. Sinceramente, o filme foi subjetivo ao extremo. Concordo plenamente que há alguns trechos do filme totalmente irrelevantes. A sensação que tive foi de que o filme foi feito exclusivamente para o criador do mesmo ver e interpretar. Não me convenceu em quase nada, a começar pela escolha excêntrica de um garoto de +-14 anos, urbano e proveniente de uma família de classe média alta, de atravessar dois estados em cima de um cavalo que nem sei como conseguiu montar, rsrs. Adoro dramas, mas esse deixou muito a desejar.

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  5. Gostei da trama demais e que durante a busca de wagner Moura, voce vai percebendo junto com ele coisas tão diferentes e tao remotas ao mundo urbano em que vivemos consegui fazer uma conexão massa com os encontros dele durante a jornada e cheguei ao climax do drama quando ele invade a casa do pai, achei muito bacana e abstrato duma forma que de oportunidades a terceiras interpretações.

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  6. Como assim a cena do parto não teve nada a ver? Pelo contrário! Teve TUUDO a ver! As partes aparentemente desconectadas ao qual você se referiu são as partes mais subjetivas do filme. O incrível dele é justamente o roteiro não ter dado tudo mastigadinho para o expectador.

    A cena do parto faz com que ele se lembre do nascimento do Pedro. É uma referência de que ele está se redescobrindo como pai. Vivenciando novamente a emoção de ver o nascimento do filho. (Se naquela parte tivesse sido colocados um flashbacks teria explicado, mas acho q teria também subestimado a sensibilidade do expectador).

    A cena dele no barco com aquela família pode se referir a uma família, que, apesar de não ter todo o dinheiro que ele tem está lá. UNIDA.

    A cena do telefone, parece lembrar que a dor dele não é a única no mundo e as pessoas podem ser egoístas e desdenhosas quando se acham importantes demais por ter o que os outros não tem.

    O tal homem que atropelou o Théo, ao que me pareceu, tinha mulher e filha, mas acho que elas foram embora ou morreram. A questão é que o quarto está lá, intacto, ele não convive mais com a mulher e com a filha (tal como o Théo). Aquele quarto parece ser quase uma mágoa para aquele homem. Mas acho que ele percebe essa mesma mágoa no Théo (quando ele conta que está procurando pelo filho) e tenta ajudá-lo.

    Nessas cenas, há longos períodos de silêncio, e, como você disse, com cenas visualmente belíssimas, mas, como você mesmo disse, é preciso abstrair.

    Não é um filme o roteiro está mastigadinho com tudo muito óbvio para a plateia. É necessário um instante de reflexão para compreender todas as pistas que o roteiro dá.

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    1. Amy, parabéns pela sensibilidade. O Brasil precisa de público como você. E pessoas que criticam, deviam seguir o caminho de Sabato Magaldi. Ele sim sabia criticar apontando caminho, pois a critica foi feita para mostrar caminhos. Caso contrário é muito gratuita.

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    2. Concordo Amy, tive a mesma percepção q vc!! Daniella

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  7. Amy você quer trabalhar com a gente? rsrs. Excelente análise!
    Apesar de sua brilhante exposição ainda permita-me discordar de você. Contudo concordamos que a cena é linda (e é de fato) e que o roteiro prima por não entregar seu intuito de mão beijada. Continue nos prestigiando.

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  8. O FILME É UMA MERDA, NEM PERCAM SEU TEMPO. COMPLETO SEM NOÇÃO. PRECISA-SE TENTAR PROCURAR CABELO EM OVO PARA TENTAR NÃO FALAR MAL DO FILME.

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  9. Concordo total com a Amy e digo mais!
    Este filme se visto com atenção e inteligência, demonstra em todas cenas traços de convivência familiar e ensino de vida.
    Com certeza os que criticam ou estavam desconexos com o filme ou não tem inteligencia ou sensibilidade o suficiente para entender que é disso que o cinema brasileiro esta precisando, e não aquelas comédias sem sentido. É mostrar a realidade com um ótimo roteiro e mensagem.
    O Brasil não é só favela, BBB, palhaçada e vocabulário com muitos palavrões e pobreza, temos que mostrar o que temos de melhor e diferente...nossa sensibilidade!

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  10. Perdão, mas discordo das análises.
    De qualquer maneira, deixo minha contribuição com uma crítica feita por mim ao blog Set Ufam: http://setufam.blogspot.com.br/2013/03/critica-busca-com-wagner-moura.html

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