Enquanto acompanha nos noticiários a disputa dos Estados pela distribuição dos royalties do petróleo, você alguma vez já imaginou ou se perguntou sobre os futuros possíveis a partir dessa “batalha”, que, por enquanto ocorre somente no campo dos debates políticos? Fã de ficção científica, o jornalista Jorge Lourenço fez esse exercício de imaginação e, agora, apresenta uma perspectiva nada agradável para o Brasil daqui a 40 anos.
Rio de Janeiro é cenário de futuro distópico em livro de estreia de Jorge Lourenço
"Rio 2054" mostra o país devastado após uma guerra pelos royalties do petróleo
No romance “Rio 2054 – Os Filhos da Revolução”, sua estreia em livro, o Rio de Janeiro é cenário de um futuro distópico, à moda cyberpunk, abordando temas que nos são contemporâneos, como a já citada disputa pelos royalties do petróleo e as inteligências artificiais (bem como a ética em torno dessa questão). Lourenço, enfim, utiliza-se de recursos ficcionais para projetar um futuro e, a partir dele, refletir sobre o presente.
O cenário da trama é o Rio de Janeiro, situado no tempo três décadas após uma guerra civil motivada pela exploração do petróleo, ocorrida na década de 2020. A cidade agora é comandada por um grupo de empresas, e sua população dividida entre o Rio Alfa, situado ao sul, onde vivem os mais abastados, e o Rio Beta, destruído pela guerra, lar dos flagelados.
No centro da trama está Miguel, que habita a parte miserável da cidade, apelidada de Escombros. Enquanto o leitor acompanha a luta do personagem pela sobrevivência, acompanha uma “civilização” que caminhou rumo à barbárie “graças” aos avanços tecnológicos. O mundo em que Miguel agora vive é habitado por seres sobre-humanos artificiais, há séries problemas com drogas, batalhas entre gangues, e um povo que se mantém agarrado à fé em um deus invisível – na Igreja da Graça Divina.
O autor (foto acima), a propósito, explora e leva para outro extremo o conceito de “cidade partida” que dá título a um livro-reportagem de Zuenir Ventura – responsável pela popularização desse conceito. Se, na obra de Zuenir, há um Rio de Janeiro dividido por muros invisíveis, separando ricos e pobres, incluindo e excluindo, o texto de Lourenço mostra as áreas separadas por muros e uma forte polícia de segregação, além de guardas fortemente armados.
Vários elementos aqui presentes foram emprestados de grandes clássicos da ficção científica, sobretudo Philip Dick e William Gibson, os melhores representantes do cyberpunk. A novidade fica pela escolha de trazê-los para nossa realidade. E vale citar uma observação do autor: para a população das favelas, essa é uma obra de ficção perigosamente verdadeira.
Confira:
Rio 2054 – Os Filhos da Revolução
Jorge Lourenço
Ed. Novo Século
376 páginas
Quanto: R$ 34,90
Fonte: A Gazeta
Outros lançamentos
'Toda Poesia' - Paulo Leminski
'Uma Curva na Estrada' - Nicholas Sparks
'Machu Pichu' (foto acima) - Tony Belotto
'Anjos da Neve' - James Thompson
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