O escritor e poeta nigeriano Chinua Achebe, conhecido como o pai da
literatura moderna africana, morreu aos 82 anos, noticiou a editora
britânica Penguin Books, nesta sexta-feira, sem dar maiores detalhes.
Uma porta-voz da Penguin disse que a família de Achebe enviará um
comunicado em breve. O romancista venceu, em 2007, o prêmio Man Booker
International.
Achebe conquistou reconhecimento há mais de 50 anos
com o romance “Things fall apart”, obra publicada em 2009 no Brasil
pela Companhia das Letras como “O mundo se despedaça”. O livro retrata a
batalha fatal de seu grupo étnico igbo contra o colonialismo britânico,
em 1800. Foi a primeira vez que a história do imperialismo europeu foi
contada sob perspectiva africana alcançando a audiência internacional.
O
foco desse trabalho está nas convulsões sociais causadas por esse
exercício de poder estrangeiro sobre o seu continente. “O mundo se
despedaça” foi traduzido para 50 línguas e vendeu mais de 10 milhões de
cópias em todo o mundo.
Mais tarde, Chinua Achebe voltou seus
olhos para a devastação causada à Nigéria e à África por uma série de
golpes militares que ocasionou regimes ditatoriais.
“Anthills of
the Savannah” (“Formigueiros da Savannah”) — lançado em 1987, mas não
chegou ao Brasil em língua portuguesa — se define dois anos após um
golpe militar em um país imaginário da África onde o poder foi
corrompido e a brutalidade do estado silenciou todos, excetos os mais
corajosos.
Em 1983, Achebe publicou “The trouble with Nigeria” (“O
problema com a Nigéria”), que expõe um quadro sombrio de seu país
natal, como também expressa a esperança de a corrupção endêmica chegar
ao fim se pudesse se tornar pouco rentável para as elites.
Como
escritor, crítico e professor universitário, Chinua Achebe serviu como
ponte entre a África e o Ocidente. Foi considerado como uma referência
contra o que as gerações de escritores africanos representavam até
então.
Nelson Mandela leu sua obra na prisão e, uma vez, se
referiu a Achebe como um escritor "cuja companhia derrubava os muros da
cadeia". Outra personalidade sul-africana, a romancista vencedora do
Nobel Nadine Gordimer escreveu no “The New York Times”, em 1998, que
Achebe podia ser visto como “um escritor que não tem ilusões, mas não é
um desiludido”.
“Gostaríamos de oferecer nossas condolências à
família do professor Chinua Achebe, um grande escritor e pensador
africano”, afirmou Sello Hatang, assessor do Centro de Memória Nelson
Mandela.
Um acidente de carro colocou Achebe em uma cadeira de
rodas em 1990. Depois desse acontecimento, ele ficou sem escrever livros
por mais de 20 anos. Passou a maior parte de seus últimos anos nos
Estados Unidos, onde lecionava em universidades.
No Brasil, a
Companhia das Letras publicou, além de “O mundo se despedaça” três obras
traduzidas de Chinua Achebe. São elas: “A flecha de Deus” (2011), “A
educação de uma criança sob o protetorado britânico” (2012) e “A paz
dura pouco” (2013).
FONTE: O Globo
FONTE: O Globo
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