sexta-feira, 22 de março de 2013

MORRE, AOS 82 ANOS, CHINUA ACHEBE, PAI DA LITERATURA MODERNA AFRICANA


O escritor e poeta nigeriano Chinua Achebe, conhecido como o pai da literatura moderna africana, morreu aos 82 anos, noticiou a editora britânica Penguin Books, nesta sexta-feira, sem dar maiores detalhes. Uma porta-voz da Penguin disse que a família de Achebe enviará um comunicado em breve. O romancista venceu, em 2007, o prêmio Man Booker International.

Achebe conquistou reconhecimento há mais de 50 anos com o romance “Things fall apart”, obra publicada em 2009 no Brasil pela Companhia das Letras como “O mundo se despedaça”. O livro retrata a batalha fatal de seu grupo étnico igbo contra o colonialismo britânico, em 1800. Foi a primeira vez que a história do imperialismo europeu foi contada sob perspectiva africana alcançando a audiência internacional.

O foco desse trabalho está nas convulsões sociais causadas por esse exercício de poder estrangeiro sobre o seu continente. “O mundo se despedaça” foi traduzido para 50 línguas e vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo.

Mais tarde, Chinua Achebe voltou seus olhos para a devastação causada à Nigéria e à África por uma série de golpes militares que ocasionou regimes ditatoriais.
“Anthills of the Savannah” (“Formigueiros da Savannah”) — lançado em 1987, mas não chegou ao Brasil em língua portuguesa — se define dois anos após um golpe militar em um país imaginário da África onde o poder foi corrompido e a brutalidade do estado silenciou todos, excetos os mais corajosos.

Em 1983, Achebe publicou “The trouble with Nigeria” (“O problema com a Nigéria”), que expõe um quadro sombrio de seu país natal, como também expressa a esperança de a corrupção endêmica chegar ao fim se pudesse se tornar pouco rentável para as elites.
Como escritor, crítico e professor universitário, Chinua Achebe serviu como ponte entre a África e o Ocidente. Foi considerado como uma referência contra o que as gerações de escritores africanos representavam até então.

Nelson Mandela leu sua obra na prisão e, uma vez, se referiu a Achebe como um escritor "cuja companhia derrubava os muros da cadeia". Outra personalidade sul-africana, a romancista vencedora do Nobel Nadine Gordimer escreveu no “The New York Times”, em 1998, que Achebe podia ser visto como “um escritor que não tem ilusões, mas não é um desiludido”.
“Gostaríamos de oferecer nossas condolências à família do professor Chinua Achebe, um grande escritor e pensador africano”, afirmou Sello Hatang, assessor do Centro de Memória Nelson Mandela.
Um acidente de carro colocou Achebe em uma cadeira de rodas em 1990. Depois desse acontecimento, ele ficou sem escrever livros por mais de 20 anos. Passou a maior parte de seus últimos anos nos Estados Unidos, onde lecionava em universidades.

No Brasil, a Companhia das Letras publicou, além de “O mundo se despedaça” três obras traduzidas de Chinua Achebe. São elas: “A flecha de Deus” (2011), “A educação de uma criança sob o protetorado britânico” (2012) e “A paz dura pouco” (2013).

FONTE: O Globo

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