Escritor moçambicano fala sobre sua vida e obra
O escritor moçambicano Mia
Couto foi o centro do Roda Viva no dia 5 de novembro de 2012. Ele veio ao Brasil
para participar do Sarau da Cooperifa e passou pelo programa para falar sobre a
literatura nos países de seu continente de origem.
Mia tem forte ligação com
o Brasil: hoje ocupa uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. O Brasil e a
França são os países em que suas obras mais fazem sucesso, mas o autor ressalta
que em Moçambique também tem aceitação do público leitor. “É um país pequeno, o
livro circula pouco. Eu sou o escritor mais publicado; mais lido”.
Mesmo com a diversidade de
línguas existentes no país, o escritor escolheu o português, que segundo ele
vem crescendo. “40% já falam português. É uma língua minoritária, mas a mais
falada. Há mais de 25 línguas em Moçambique, eu só consigo falar duas delas”.
Mas Mia Couto conta que
não é o único escritor a optar por escrever em português. “Não conheço um
escritor em Moçambique que não escreve em português. Conheço
dois casos de autores que tentaram, mas não tiveram sucesso”.
Atualmente, ele é
comparado a escritores como Gabriel Garcia Márquez, Guimarães Rosa e Jorge
Amado – por sinal, seu influenciador: “O Brasil não sabe o quanto Jorge Amado foi
importante para nós”. Segundo o autor, a literatura brasileira influenciou um
momento de ruptura na literatura de Moçambique.
Apesar de ser um escritor
reconhecido, Mia rejeita o papel de produtor de literatura. “Não me sinto muito
bem nessa casa chamada literatura. Eu sou um contador de histórias”. Assim como
Guimarães Rosa, ele adotou o uso de palavras inventadas, e atribui essa
possibilidade poética à língua portuguesa: “A língua portuguesa tem uma
dinâmica, uma aceitação ao novo. Ela oferece uma elasticidade que as outras
línguas têm menos”.
Abaixo, na íntegra, a entrevista com o escritor:
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