Marcos Antonio Fagundes (1971) mora em Cariacica – ES. Baterista de rock, organizador de diversos eventos culturais da Grande Vitória nos anos 80/90 e graduado em Letras – Português pela UFES. Confira, abaixo, o poema “Fuga do anjo alvo”, que foi publicado na coletânea “8 Vezes Poeta” (2008):
Fuga do anjo alvo
Em meus versos sou
Livre,
Livre em versos
Livre!
Falo o que quero,
Alma cativa jamais!
Jamais castigar-me-ei com teu
Desprezo.
Odeio-te como um plebeu a um
Rei tirano ,
Ser rastejante, esgoto de insensibilidade,
Vomito em tua cara dissimulada...
Comeram a virgindade de tua voz ,
Pois agora sou capaz de estuprar
Tua fingida inocência.
Prostituta, deita-se por aparências
Porque o amor , nem os meus versos
Te oferece mais .
Falo nos versos porque nos versos sou
Livre,
E livre verto a verdade latente em minhas
Lágrimas e por essas, sigo difamando:
Sua alma é uma meretriz de seios
Flácidos, desprezo-te... Estou nos versos, e
Nos versos masturbo-me por teu corpo
Usado,
Não sou romântico, não te tenho como
Musa casta, não choro aos pés de tua
Beleza lânguida...
Flor alva,
Voz afável... Morra!
Estou ansioso para possuir teu
Corpo, não pecarei por necrofilia
Porque teu manto de santa há muito
Já sangrou, e teu sangue escorreu
Sobre as chagas do meu coração.
Viajei por entre o delírio e a mais
Terrível depressão.
Agora te odeio amor!
Vejo tua alma tão pálida quanto
Tua carne cadavérica, mesmo assim
Desejo possuir-te.
Rei não sou
Nado em palavras
Santos não tenho
Neves gostaria de ver,
Mas ti ter, só nos versos
Me interessa , neles não sou
Teu fantoche e tu és
Minha boneca de brincar.
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