O velho Buk se foi em 9 de março de 1994, vítima de leucemia. Tinha 73 anos. Deixou uma filha, muitos escritos e uma imensa saudades.
encurralado
bem, eles diziam que tudo terminaria
assim: velho. o talento perdido. tateando às cegas em busca
da palavra
assim: velho. o talento perdido. tateando às cegas em busca
da palavra
ouvindo os passos
na escuridão, volto-me
para olhar atrás de mim…
na escuridão, volto-me
para olhar atrás de mim…
ainda não, velho cão…
logo em breve.
logo em breve.
agora
eles se sentam falando sobre
mim: “sim, acontece, ele já
era… é
triste…”
eles se sentam falando sobre
mim: “sim, acontece, ele já
era… é
triste…”
“ele nunca teve muito, não é
mesmo?”
mesmo?”
“bem, não, mas agora…”
agora
eles celebram minha derrocada
em tavernas que há muito já não
frequento.
eles celebram minha derrocada
em tavernas que há muito já não
frequento.
agora
bebo sozinho
junto a essa máquina que mal
funciona
bebo sozinho
junto a essa máquina que mal
funciona
enquanto as sombras assumem
formas
formas
combato retirando-me
lentamente
lentamente
agora
minha antiga promessa
definha
definha
minha antiga promessa
definha
definha
agora
acendendo novos cigarros
servido mais
bebidas
acendendo novos cigarros
servido mais
bebidas
tem sido um belo
combate
combate
ainda
é.
é.
(Poema de Charles Bukowski publicado em Textos autobiográficos)
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