segunda-feira, 30 de julho de 2012

REPORTAGEM ESPECIAL: "A VOLTA DO VINIL"

Vinil Nação Zumbi - Foto: Divulgação

Bolachão que exige vitrola e agulha para sua execução, produto altamente frágil que quebra e aranha com facilidade, grande e de difícil manuseio, este é o LP, um apaixonante invento que tem voltado com todas as forças ao mercado! Toda a dificuldade apresentada acima é totalmente posta de lado devido a grande paixão que os vinis despertam nos saudosista fãs de música que não dispensam aquele chiadinho típico dos discos. 

Posto de lado com a criação dos CD's e praticamente tendo como decretado sua extinção com o aparecimento das mídias digitais, o LP parecia estar fadado a ser (raríssima) peça de colecionadores e de DJ's. Ledo engano.

Após um período em que de fato ficou afastado (talvez pela novidade do aparecimento dos disc lasers) os vinis voltaram com força total, e não somente para as mãos de DJ's e colecionadores como se esperava, mas sim para as mãos de fãs em geral.

Tal afirmação se dá baseado em pesquisa feita pela Nielsen/Billboard que mostrou que, por exemplo, no primeiro semestre de 2012, a venda do vinil cresceu 14,2% nos EUA, enquanto que o site do Mercado Livre divulgou que, por aqui, a venda aumentou 30% no mesmo período - ambas pesquisas comparam com os números alcançados no primeiro semestre de 2011. Essa porcentagem, só para se ter uma ideia, supera a venda de DVDs e Blu-Rays.

Mas porque de tanto sucesso? Com certeza é por causa de seu charme "gosto do som (os graves são incríveis) e porque é o som original das bandas que curto (tipo, os discos dos Beatles foram feitos pra vinil e não cd). Fora o charme das capas, o fato de você poder lava-los, os encartes...  E, claro, os famosos chiados", argumenta Ricardo Salvalaio (foto abaixo) nosso colega blogueiro e fã declarado dos bolachões.

Ricardo: "Gosto do som, das capas, dos encartes... E, claro, dos famosos chiados"

Percebendo a volta do mercado, artistas como Nação Zumbi (foto da capa) Zeca Baleiro, Maria Gadú, Maria Rita e Dinho Ouro Preto já lançaram seus trabalhos em vinil. Alguns títulos dentro da série "Clássicos em Vinil", como os de Jards Macalé e do grupo Secos e Molhados, também foram lançados pela Polysom. 

A problemática, neste caso, são os altos preços de custo, pois enquanto lá fora os valores variam de US$ 15 a US$ 25, no Brasil o valor mais barato passa dos US$ 30. Nada que desanime fãs, apesar de segundo a opinião do pesquisador musical Rogério Coimbra o ressurgimento dos vinis é um "modismo passageiro": É preciso ter espaço e com a música digital tudo é mais prático. Deixo claro que a qualidade sonora é superior que a do CD e que existe uma arte mais elaborada. Mas a tendência é que as pessoas optem pelo prático. Será? Eu acho que não!

Um dos fundadores do Clube Capixaba do Vinil, Gilson Soares, também discorda: "O LP tem uma preocupação maior com o visual, tem uma arte mais elaborada. É possível vir acompanhado de um poster legal, pode ser mais personalizado."

Ele destaca a arte do LP como um dos principais atrativos, mas acredita que a qualidade da reprodução sonora pode fazer ainda mais diferença para os amantes da música. "A qualidade da reprodução sonora é muito melhor, mais ampla. Existe a questão do som analógico ser melhor recebido por nossos ouvidos, que tem maior sensibilidade para o que é ouvido de forma analógica do que digital", comenta Soares.

Além de organizar as reuniões mensais do clube, Soares também apresenta o programa "Toca Discos" da rádio Universitária – único espaço de uma rádio do Estado que toca vinil. "O ‘Toca Discos’ vai ao ar todos os sábados, das 15h às 17h. Apresentamos as novidades, raridades e pesquisas sobre o LP."

Modismo ou não, a verdade é que os vinis estão de volta! O passado nunca esteve tão presente.

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