sexta-feira, 15 de março de 2013

15 ANOS SEM TIM MAIA



"Já sei, porque ele é preto, gordo e cafajeste!" Foi assim que Tim Maia respondeu ao produtor musical e grande amigo Nelson Motta, quando este lhe deu a notícia de que sua filha queria batizar seu gatinho de estimação de "Tim". Contrariando a profecia Maia, Nelson relata na biografia "Vale tudo - O som e a fúria de Tim Maia" que o animalzinho era "cinzento, magrinho e carinhoso", trazendo só amor e alegrias, algo que o "síndico" continua proporcionando a quem o ouve.

Há exatos quinze anos, o síndico Tim Maia pegou o elevador para nunca mais descer. Brigado com as grandes gravadoras, com a voz já definhando e cheio de dívidas um dos maiores cantores da música brasileira acabou vítima de seus excessos com meros 55 anos. Felizmente ele nos deixou uma obra vasta o bastante para que a saudade seja ao menos aplacada. Já a sua falta de cerimônia e bom-humor fazem muita - imaginem como seria o twitter dele...

Tim Maia morreu após passar uma semana internado vítima de falência múltipla dos órgãos. Ele passou mal no momento em que comçava a gravação de um especial para o canal a cabo Multishow.

Para marcar a data o Outros 300 relembra alguns momentos fundamentais do cara que introduziu a black music na MPB.

O começo e o sucesso

Tim era da mesma turma tijucana que deu á MPB Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Enquanto seus amigos ficavam famosos com a Jovem-Guarda ele estava penando nos Estados Unidos. Ao voltar ele foi tentando se reenturmar. Gravou compactos sem sucesso e convenceu o já mega-famoso Roberto Carlos a gravar a sua Não Vou Ficar para seu disco de 1969. No mesmo ano ele aparece ao fazer dueto com Elis Regina em “These Are The Songs”. O primeiro disco sai finalmente em 1970 e estoura com clássicos como “Azul da Cor do Mar” e “Primavera” (Vai Chuva). A fórmula de soul-funk-samba-MPB rendeu mais três discos de grande sucesso.

Fase Racional

Em 1974 Tim em uma de suas tradicionais pirações entrou de cabeça em uma seita com sede em Nova Iguaçu chamada "Universo em Desencanto". o cantor então transforma todas as faixas que estava gravando em hinos de pregação e acaba dispensado de sua gravadora. Por conta própria ele lança os dois volumes de "Tim Maia Racional" e segue em busca da iluminação. O público obviamente não entendeu nada. Desiludido Tim abandona a seita, destrói as cópias dos discos e nunca mais os reedita. Os álbuns com o tempo adquirem estatus míticos e as raras cópias trocam e mãos por pequenas fortunas.

Tim Maia volta então para a música do corpo lançando discos de grande qualidade, mas  de pouco sucesso. Ele só retorna à boca do povo em 1978 junto com a onda disco. São dessa época faixas como “Acenda O Farol” e “Sossego”.

Anos 80 e além

Nos anos 80 Tim fez mais sucesso com baladas que por muitos foram chamadas de brega como “Me Dê Motivo” ou “Pede a Ela”. Mas ele também entregou alguns clássicos para a nossa música dançante. Alguém imagina a vida sem “Do Leme Ao Pontal” ou “Descobridor Dos Sete Mares”? Por outro lado, nessa época o artista começa a ficar menos conhecido que a sua persona pública, o cantor sem papas na língua, que falta em shows e briga com quem pode e não pode. Nos anos 90, sem contrato acaba produzindo ele mesmo seus discos quase todos com arranjos pobres e faixas que se repetem à exaustão. Mas ainda era possível ver o seu gênio especialmente quando ele gravou clássicos da bossa nova e da soul music.

Fonte: Arcervo pessoal, Tribuna de Minas e Vagalume.

Confira, na íntegra, 2 grandes shows do síndico:



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