quarta-feira, 13 de março de 2013

TUDO SOBRE 'A BUSCA' FILME QUE ESTREIA NESTE FIM DE SEMANA NO ESTADO

'A Busca' estreia no estado com a pretensiosa vontade de trazer de volta o "cinema brasileiro de qualidade" perdido, segundo alguns especialistas, após sucessos de comédias, blockbusters e 'favelas movie' tomarem o espaço de filmes "com menos apelo" exatamente como este. Será que 'A Busca' preenche estes requisitos? Confira tudo sobre a trama que tem Wagner Moura como protagonista lendo a matéria completa abaixo. 


Novo longa com Wagner Moura traz drama na medida certa

Influências do cinema latino-americano dão tom em "A Busca", que estreia sexta-feira



Muito se fala da qualidade do cinema dos vizinhos latino-americanos em comparação ao brasileiro. Enquanto cineastas chilenos, peruanos e argentinos obtêm indicações e até estatuetas no Oscar (“O Segredo de Seus Olhos”, em 2011), a produção nacional se apoia em comédias e cinebiografias com pegada novelesca. Exceção feita a fenômenos isolados como “Cidade de Deus” (2001), o cinema nacional de qualidade (que existe e produz) raramente encontra espaço com o grande público.

Recentemente, porém, bons filmes de gênero têm ganhado destaque. É o caso “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias” (2006), de Cao Hamburger; “2 Coelhos” (2012), de Afonso Poyart; “Colegas” (2011), de Marcelo Galvão; “O Palhaço” (2011), de Selton Mello; “O Som Ao Redor” (2012), de Kléber Mendonça Filho; e de “A Busca”, de Luciano Moura, que estreia nesta sexta-feira no Estado. Com novos nomes (Selton ainda vem se estabelecendo como cineasta) e sem abusar das velhas fórmulas, o novo cinema nacional vai ganhando forma.

Estrelado pelo sempre competente Wagner Moura, “A Busca” é um tenso drama sobre o médico Theo (Wagner Moura), um pai que parte em busca de Pedro (Brás Moreau Antunes), filho adolescente que fugiu de casa sem deixar muitas pistas.

Controlador e metódico, Theo enfrenta pela primeira vez situações que não pode controlar. O casamento com Branca (Mariana Lima) está por um fio, Pedro não o vê como exemplo a ser seguido e confronta suas orientações. A situação se complica ainda mais quando, às vésperas de completar 15 anos, Pedro some de casa após uma briga com Theo, que, desesperado, pega a estrada em busca do filho.

Divulgação
Em 'A Busca', Wagner Moure confere força a Theo, um pai de família que precisa encontrar o filho que fugiu de casa e, no caminho, se tornar um homem melhor

Confronto


Wagner Moura constrói um protagonista forte, mas sempre prestes a desabar. Durante a viagem, ele passa a conhecer seu filho por meio das interações dele com outras pessoas. O caminho de Theo também se cruza com o de seu pai, vivido por Lima Duarte, em breve aparição. De frente para o pai, ausente durante todo seu crescimento, Theo acaba se enxergando no velho homem e passa a repensar sua relação com Pedro e Branca.

Muito exagerado em alguns momentos e situações, o filme de Luciano Moura (que não possui parentesco com o protagonista) se destaca mais quando resolve não conduzir o espectador pela mão ou quando percebe que a história, por si só, já é capaz de emocionar. Não há, por exemplo, o didatismo tão presente em alguma produções nacionais.

É interessante perceber como o roteiro, co-assinado pelo diretor e por Elena Soarez, bebe na fonte do cinema argentino. “A Busca” pode não ser tão profundo quanto os filmes de Lucrécia Martel (“Mulher Sem Cabeça”), envolvente quanto os de Juan José Campanella (“O Segredo de Seus Olhos”), ou ter o conteúdo social de um Pablo Trapero (“Abutres”), mas dá mostras de que não precisamos estar tão distantes assim da maneira como nossos hermanos fazem cinema.

Mini Entrevista
Aos 48 anos, Luciano Moura é um dos mais requisitados diretores do mercado publicitário nacional e já dirigiu episódios do seriado “Filhos do Carnaval”, para a HBO. “A Busca” é seu primeiro longa-metragem.


Como surgiu a ideia para o roteiro? 
Eu queria falar sobre um certo mal-estar no mundo, esse sentimento de que viver é perigoso. A gente (Luciano e Elena Soarez, co-roteirista) conversou muito sobre a história e o rumo dos personagens. O Theo não entende o que está errado na vida dele, o mas seu mundo está ruindo.

Foi difícil controlar a dramaticidade?
O filme é simples, mas muito emocionante. Tem um alcance grande porque todo mundo é filho e muita gente é pai. Procuramos não forçar a mão na emoção além do que a história pede. Além da viagem pela estrada, o filme traz também uma viagem ao interior do Theo.



Você escolheu por trabalhar diretamente com o elenco. Por quê?
Não queria ninguém preparando meu elenco. O Wagner e a Mariana são muito intensos e se envolveram demais. Eles encontraram a química para um casal perfeitamente crível. Nós discutíamos o roteiro o tempo todo; tínhamos embates criativos fantásticos.

O filme tem uma pegada de cinema latino-americano...
É um road-movie que não tem intenção de fazer panorama do país. Ele fala das relações humanas, de coisas íntimas. Mostra o país porque se passa no Brasil, mas nada é gratuito. É um tipo de filme que não tem sido feito no Brasil.

Como foi a recepção do filme no exterior?
Tivemos uma recepção maravilhosa em Sundance; reações emocionadas; uma emoção legítima.“Ninguém controla o destino” 

Confira:

A Busca
Drama. (Brasil, 2012).Direção: Luciano Moura. Elenco: Wagner Moura, Lima Duarte, Mariana Lima, Brás Antunes.
Cotação: *** 
Estreia nesta sexta-feira.

Retirado de: A Gazeta

Nenhum comentário:

Postar um comentário