quarta-feira, 17 de abril de 2013

CRÍTICA DO FILME 'ANGIE'

Patrocinado em partes por um empresário capixaba e dirigido por Márcio Garcia, 'Angie', road movie com algumas cenas filmadas no estado, chegou aos nossos cinemas com a intenção de finalmente dar a Garcia a alcunha de "amadurecido diretisticamente". Será que Márcio realmente evoluiu? O filme é bom? Confira agora na crítica do Outros 300.

Open Road

Garcia evoluiu, até porque involuir seria impossível
Erros grosseiros e superficialidade matam o filme

'Amor por Acaso' primeira empreitada de Márcio Garcia como diretor internacional foi uma pagação de mico geral: Para ele, para os coitados do John Savage, e Dean Cain e para a bela Juliana Paes, por sua total falta de qualidade. Pensou-se impossível Garcia piorar e a expectativa para 'Angie' era que Márcio, no mínimo, evoluísse. Não posso dizer que ele melhorou, mas posso afirmar que "menos piorou". 'Angie' não é uma pagação de mico homérica, mas passa muito longe sequer de ser um filme razoável.

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A rigor, a única coisa legal do filme são as cenas filmadas no estado (de muito bom gosto, aliás) e a engraçadíssima (não era intenção ser engraçada) dublagem de Camila Belle para o português. No mais o filme é chato. Aliás, bem chato.

open road

A trama

Angie (Camilla Belle) que vive ao lado da mãe (Christiane Torloni) e a irmã (Carol Castro) é uma brasileira de família rica de Vitória que vive nos EUA trabalhando de garçonete e viajando estrada afora. É no meio do mato, isolada, que ela se expressa por meio da pintura. Nessa sua jornada, Angie conhece outro pária, o meio mendigo meio eremita Chuck (Andy Garcia), e também um policial por quem se apaixona, David (Colin Egglesfield), que forçará Angie a lidar com um passado traumático e a revelar a natureza da sua misteriosa viagem.

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Elenco

Belle, como você pode prever pelo nome, não é brasileira, logo seus diálogos com sua família capixaba (filme filmado no estado por uma forçação de barra danada do Marcus Buaiz) são dublados, isso mesmo, dublados, portanto preferi desconsiderar essa parte das cenas dela.

open road

Quando ela chega a América é que o talento de Camilla como atriz é revelado. Aliás não é tão exorbitante na verdade, mas dentro da confusão que é o filme até que sua atuação merece destaque. Sem querer fazer trocadilho, e já fazendo, a beleza de Camilla chama mais atenção do que sua atuação em si, mas sua imagem tem um magnetismo tão grande que pode fazer da desconhecida atriz uma figura muito famosa em breve.

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Colin Egglesfield também não faz feio na pele do policial que vive num trailer, mas parece que poderia aproveitar mais a chance de ter um personagem com grande potencial de interpretação nas mãos. Acredito que a atuação fria do rapaz tenha se dado por sua inexperiência. 

Desperdício mesmo ficou por conta de Andy Garcia. Um ator do porte de Andy não pode ficar relegado a ser um cocoadjuvante. Poucas vezes seu personagem apareceu na tela e, quando apareceu foram em cenas vagas de emoção e até de sentido. Márcio Garcia tinha um ator de primeira linha nas mãos, mas preferiu apenas rechear seu pomposo nome no cartaz do filme do que aproveitar seu imenso talento.

Foto - FILM : 210190

As brazucas Carol Castro e Christiane Torloni foram distintas. Enquanto a primeira tentou tirar leite de pedra se esforçando para brilhar o máximo possível, a segunda ligou o habitual piloto automático numa interpretação chocha e sem graça. Juliete Lewis pareceu contaminada por Torloni.

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Porque o filme ruim?

Vamos ao sem número de falhas. Angie tem um trauma (só revelado no final do filme), mas este trauma não repercute na relação dela com Chuck ou David. Ela anda para um lado e para o outro sem destino, mas não há o sentido 'road movie' da coisa e sim um sentido "barata tonta" de ser. Ela conhece David numa tarde, tempo suficiente para eles viverem "uma vida" juntos, a ponto do cara pedi-la em casamento logo depois de 15 minutos de filme.

Foto - FILM : 210190

O mesmo David, que não conhece o tal trauma de Angie, diz que "ela não precisa ficar segurando toda essa culpa" sozinha. Mas como assim se ela, a rigor, é só uma mochileira até então? E os diálogos de Angie com Chuck são tão clichês que parece que você está assistindo uma série dos anos 80.

Tem mais. A direção também é de doer. Todas, eu disse todas, as cenas tem um plano de filmagem que parte de um enquadramento vazio que, após a movimentação dos atores, é preenchida por eles. Um exemplo é a cena que Angie é parada por um policial. O oficial quase não é visto, pois a câmera está insistentemente focada na moça. Reparem se vocês forem ver o filme.

Os furos de cenografia também são de matar. Erros de continuação são detectados e outros elementos como fotografia e som deixam a desejar. Pareceu, às vezes, que Márcio Garcia tinha um real para gastar tamanha as precariedades apresentadas no filme. O cara precisa melhorar e muito e para ontem. 

Quem quiser arriscar

Em cartaz no Cinemark nos horários de 13h30 15h50 e 22h20 
 

Um comentário:

  1. Não entendi aquelas cenas em que ela qse é estuprada...Era ela sonhando ou o que? Não ficou claro isso tambem..

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