A última obra do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca foi a peça “A Casa de Bernarda Alba”, que ele não chegou a ver encenada, pois, pouco depois de concluir o texto, foi assassinado pelo regime fascista do general Francisco Franco, em 1936. “A casa, na verdade, é a Espanha, Bernarda representa o general, e a personagem Adela é o próprio Lorca”, diz o diretor José Luiz Gobbi, responsável por conduzir a montagem do espetáculo que estreia neste sábado, no Teatro Carlos Gomes.
Adaptação de "A Casa de Bernarda Alba", de García Lorca, estreia em Vitória
Peça mostra a crueldade das relações familiares e abre temporada neste final de semana
Concebida originalmente para 15 personagens, a peça, em sua releitura capixaba, foi adaptada por Vanessa Schaydegger para funcionar com somente seis em cena: Bernarda Alba (Lilian Menenguci), Angústias (Victória Ramos), Madalena (Márcia Moraes), Martírio (Eneidis Ribeiro), Adela (Giovana Voig) e a criada Poncia (Fabiana Simões).
Por limitações de recursos, houve uma necessidade de se enxugar o texto original – sem, contudo, modificá-lo. “Há uma série de personagens que podem ser liberados. Não que não tenham importância, eles têm... Mas algumas de suas falas essenciais foram trazidas para as personagens principais, para não se perder o sentido. Nós pegamos o fio condutor, que é o conteúdo com coerência, e fomos tirando as ‘gorduras’, mantendo tudo o que era fundamental no texto”, explica Gobbi.
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Temática
O espetáculo enfatiza a crueldade das relações familiares, a opressão feminina e a luta pela liberdade. A fim de conferir mais tensão à obra, conta com a cenografia do artista plástico Celso Adolfo, que faz uso de manequins e bonecas – além da trilha sonora, com ênfase na forte percussão da música flamenca.
“A peça gira muito em torno da solidão também, uma solidão que vivemos até mesmo neste mundo tecnológico, onde as pessoas são capazes de se abrir no Facebook, dizer segredos inconfessáveis, mas se comportam como estranhas quando se encontram pessoalmente. Na casa de Bernarda, há uma solidão compartilhada por quatro irmãs que se odeiam. Apesar de terem o mesmo desejo de liberdade e felicidade, essas mulheres compartilham raiva, mágoa, depressão”, acrescenta o diretor, observando que isso tem muito em comum com a contemporaneidade, em que o individualismo se sobrepõe a tudo. (Tiago Zanoli)
A Casa de Bernarda Alba
Quando: 13, 14, 20 e 21 de abril, sempre às 20 horas
Onde: Teatro Carlos Gomes, Praça Costa Pereira, Centro, Vitória
Ingressos: R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira), à venda na bilheteria
Informações: (27) 3132-8398
Retirado de: A Gazeta
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