Foi o skate que levou o artista plástico Fredone Fone (foto acima) a começar a pintar em 1997. Autodidata, fez das ruas da cidade sua escola. Filho de pedreiro, ajudou o pai no ofício durante cerca de dez anos, e muito dessa experiência influenciou a sua produção artística. "A construção civil e o trabalho de pedreiro são muito fortes em minha vida. Meu trabalho de arte não poderia ser inspirado por outra coisa", afirma ele.
Por meio de seu personagem Humanurbano, o artista examina a fusão entre homem e cidade na exposição "Alvenaria", que será aberta nesta terça-feira (2) à noite, no Espaço Cultural Sesi, em Vitória. Seu personagem nasceu a partir da observação do "corpo urbano", ou seja, a cidade.
"Utilizo pensamentos que me fazem enxergar homens de concreto e aço, tão 'invisíveis' quanto paredes ou grades de ferro, e uma cidade vive de carne e osso, que ganha vida a partir do momento em que nós, humanos, circulamos como sangue por suas veias."
A geometria urbana exerce também forte influência sobre seu traço, a ponto de o artista trabalhar também com fotografias da cidade, capturando as inúmeras formas da paisagem de aço e concreto. Essa outra faceta de sua arte está disponível no site humanurbano.tumblr.com.
"Alvenaria" será montada com pinturas em telas e madeiras, além de desenhos em papel – todos inéditos e criados neste ano. Sobre as telas e madeiras, Fredone trabalhou com látex, spray e marcador, enquanto no papel utilizou nanquim. As obras serão penduradas com nylon na parede do Espaço Cultural Sesi. Com o que aprendeu ao trabalhar na construção civil, o artista também fez uma obra no local.
"Meu pai é pedreiro, e trabalhei como ajudante dele durante muito tempo. Creio que dos dez aos 20 anos. Ele trabalha até hoje, porém cansado, pois o ofício é pesado demais. Lembro que eu fazia massa, entijolava, armava ferragens, colocava azulejos, pintava paredes e até levantava um saco de cimento, que pesa 50kg."
Na construção, Fredone trabalhou com materiais como brita, areia, barro, arame, vergalhão e cerâmica. Entre as várias ferramentas, manuseou ponteiro, turquesa, marreta, prumo. Como gostava de desenhar, acabou fazendo um curso de Autocad (software muito utilizado para projetos de arquitetura e egenharia civil, por exemplo). Ele não levou adiante, mas isso também foi influência em sua arte.
Em texto de apresentação para "Alvenaria", a curadora Joana Quiroga afirma que exposição "tanto desconstrói a cidade para exibir os alicerces humanos, ocultos sob o concreto, como também investiga o 'concreto' urbano do qual é feito o homem, revelando, desse modo, a forma com que um permite a existência do outro".
Serviço:
Exposição "Alvenaria"
Abertura: nesta terça-feira (2), às 19h
Onde: Espaço Cultural Sesi, Rua Tupinambás, 240, Jardim da Penha, Vitória
Visitação: somente com agendamento pelo telefone
(27) 3334-7321 ou e-mail sesiculturaes@gmail.com
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