segunda-feira, 8 de outubro de 2012

CRÍTICA - O SHOW DE 30 ANOS DOS TITÃS


No último sábado (06/10), o Espaço das Américas se tornou um antro da celebração. No show comemorativo aos 30 anos do Titãs (que fizeram sua estreia nos palcos em 1982, no Sesc Pompéia, em São Paulo e hoje — trinta anos depois - tem 14 álbuns de estúdio gravados e uma lista inacabável de sucessos na bagagem), oito mil pessoas fizeram uma viagem no tempo, onde as lembranças do rock brasileiro de qualidade estiveram mais vivas do que nunca. Durante pouco mais de uma hora, constatou-se que as letras compostas há décadas continuam atuais e que o som feito em 1982 ainda empolga.

Com pontualidade incomum a um show nacional - em parte devido à transmissão televisiva -, a formação atual dos Titãs subiu no palco liderada por Paulo Miklos. Branco Mello, Tony Belloto e Sérgio Britto vieram em seguida para começar a apresentação com "Diversão", "AA-UU" e "Nem Sempre Se Pode Ser Deus" - todas com o mesmo arranjo punk feito entre o final dos anos 1980 e o começo dos 1990, raro em bandas de grande alcance atualmente. Como uma transição para as baladas que viriam mais tarde, o Titãs diminuiu o passo para tocar "Aluga-se", de Raul Seixas, com Sérgio Britto nos vocais. Além dele, Mello e Miklos também alternavam no microfone principal com a mudança das faixas.

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De uma tacada só, a banda mostrou boa parte das baladas que foram sucesso nos anos mais recentes de sua carreira. "Pra Dizer Adeus", "Go Back" e "Epitáfio" - dedicada à Marcelo Fromer, ex-membro do grupo, falecido em 2001 - embalaram os casais e fizeram os mais jovens da plateia, homens e mulheres entre 25 e 30 anos, cantarem os versos. Perto do encerramento da primeira etapa do show, Paulo Miklos foi ao microfone para falar sobre as eleições, que seriam realizada dali àlgumas horas. "Precisamos de um voto consciente, não existe essa de 'os meus ladrões são melhores do que os seus'", bradou, antes de apresentar "Vossa Excelência" (que por algum motivo misterioso não fez o sucesso que devia, pois a canção é ótima!), escrita em 2005, no auge do escândalo do mensalão.

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Nando o "animado"

As luzes do palco iluminaram de vermelho todo o Espaço das Américas para começar "Bichos Escrotos", que rendeu tímidas rodas punk na plateia. Ela foi a deixa para a apoteose do show. Os Titãs voltaram acompanhados de Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin. Os integrantes, visivelmente emocionados, se abraçavam na beira do palco. Tão sorridentes quanto seus fãs, eles pegaram os instrumentos para tocar "Comida", com o performático  - e genial - Arnaldo Antunes nos vocais. Mesmo depois de 20 anos longe dos companheiros, ele continua com suas coreografias sem nexo, tão características da sua época na banda.

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Depois de Antunes, era a vez de um, digamos, alterado, Nando Reis cantar "Família". Aplaudidíssimo ao pegar o baixo e tomar o microfone, o músico foi falar algumas vezes, mas não conseguiu. "Estou muito emocionado", repetiu ele, nas outras duas vezes que tentou, em vão, se comunicar com o público. O estranho estado de Nando rendeu bons momentos de humor. A animação da plateia acompanhava o ritmo das músicas apresentadas. 

Depois de passar o vocal para os companheiros em "Polícia", "Estado Violência" e "Cabeça Dinossauro", Nando Reis voltou e com Tony Belloto começou os acordes da música mais esperada da noite, "Marvin" - gravada pela primeira vez no homônimo disco de estreia da banda, em 1984. A performance da faixa chegou ao fim, o público aplaudiu e, ainda empolgado, Reis voltou ao microfone e puxou o refrão, que dessa vez foi comandado pelas vozes e palmas da plateia. "Flores" foi a chamada para o bis, com "Homem Primata" e "Sonífera Ilha", que fecharia com o show com chave de ouro. Mas, não satisfeitos e com o tempo de show no limite, a banda ainda emendou "Porrada" e um repeteco de "Bichos Escrotos".

Mesmo com uma apresentação cronometrada e recheada de intervalos, os Titãs entregaram um digna comemoração a seus 30 anos de carreira. As dificuldades superadas para reunir a formação original se mostraram válidas, visto que a banda toma uma forma mais eficiente com a presença dos três ex-membros. A músicas tocadas mostraram a variação de estilos e temáticas que a banda teve em toda a carreira. Cada uma das faixas foi cantada com entusiasmo pelo público presente, que saiu cansado de pular, rouco de cantar e, certamente, satisfeito pela celebração do bom rock que um dia o Brasil fabricou.


O que o público capixaba pode esperar

Obviamente - e infelizmente - Nando, Antunes e Gavin não estarão na turnê do show que, dizem, poderá chegar a Vitória no fim de novembro. Por isso o público capixaba deve esperar no set list da banda, preferencialmente, as músicas cantadas originalmente por Miklos, Mello e Britto. 

Há a possibilidade, pequena, de alguns sucessos como "Marvin" e "O Pulso" serem executadas por Britto e Mello o que soaria estranho. Mesmo assim, pelos 30 anos de estrada, a exceção de uma ou outra música não trará maiores prejuízos a quem for ao show.

A rigor, Titãs 30 anos Multishow chegará com o status de possível melhor show do ano, concorrendo exatamente com outra banda trintona que também teve na Multishow a gravação de seu CD/DVD o Kid Abelha (que estará em Vitória no dia 27 deste mês). É lei que irei aos dois shows e depois conto pra vocês quem foi o melhor.

* Fontes: Site da Multishow, Omelete, Site Oficial dos Titãs, acervo pessoal.

Um comentário:

  1. será que voçês viu esses caras tocar nos anos 80? em 1982 eu tinha 17anos eu posso escrever qualquer critica,a decada de 80 foi muito produtiva,os sons fazia bem aos meus ouvido,eu ouvia,titãs,rpm,legião urbana,camisa de venus,irà,e outros......

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