Neste domingo o Outros 300 prepara uma nova surpresa para seus leitores. A partir de hoje e pelos próximos sete domingos estaremos apresentando algumas entrevistas com as maiores personalidades da cultura nacional dadas ao programa Roda Viva da TV Cultura.Continuamos hoje com o sensacional Marcelo Rubens Paiva (segunda parte). A primeira parte da entrevista está no link no final desta postagem. Confira abaixo:
Leão Serva:
Mas isso é um problema físico, isso é uma decorrência da questão física ou não?
Marcelo Rubens Paiva: Não, eu prefiro deixar para os outros. Tem amigo meu que faz música
assim, na minha frente, que eu fico babando.
Fernando Gabeira:
Mas você não tem vontade de fazer uma letra?
Marcelo Rubens Paiva: Eu fiz muitas letras, todas muito ruins. Eu só fiz uma letra boa.
Neide Duarte: Mas
você tocava violão muito bem, você tocava violão?
Marcelo Rubens Paiva: É, eu tocava violão. Eu fiz umas letras boas, que eu achava boas. Mas
dou para os amigos e eles acham péssimas.
Heródoto Barbeiro:
Marcelo, o Serginho queria fazer uma pergunta. Antes responde rapidamente aqui
para o Maurício Duarte e para a Helena Vaz, eles querem saber se você volta
para televisão para fazer um programa que você fazia aqui na rede Cultura, o Fanzine. E ela dizia o seguinte: gostava tanto do seu
programa que chegou a comparar você ao Jô Soares.
Marcelo Rubens Paiva: Obrigado pela comparação. Eu não sei se eu conseguiria voltar. Acho
que eu não tenho mais energia. Porque é uma... bom, o Serginho está ai e pode
falar melhor que eu. Uma tensão diária e eu sou um pouco preguiçoso. Eu gosto
mesmo é de ficar em casa escrevendo, de fazer matérias para jornal. Mas ficar
todo dia numa rotina de trabalho em frente às câmeras... Eu lembro aqui, por
exemplo, não era este estúdio, era o estúdio vizinho que não tinha ar
condicionado. Eu lembro de vários programas onde eu quase desmaiava de calor
porque era 45 graus dentro do estúdio. Eu lembro do assédio, todo lugar que
você vai não te deixam jantar em paz no restaurante. O meu telefone não parava,
era um inferno, era um furacão. Eu não sei se eu quero isso de volta para mim
e, por outro lado, eu gosto de ter uma certa independência e isenção, de ver o
mundo à distância, de não participar tanto ativamente assim das coisas. Sabe,
de vez em quando falar do Netinho, de vez em quando falar de alguma coisa, de
poder me desligar um pouco e não ficar o tempo todo antenado, porque o grande
estresse do jornalismo, especialmente na televisão, é que você tem que estar
sempre ligado no que está acontecendo, né?
Sérgio Groisman: Marcelo,
eu queria que você falasse... quantos livros vendeu o Feliz ano velho? Quando que você começou ter prazer com a
leitura, era uma coisa já da infância? E por quê, quer dizer, daí eu já
complemento uma idéia que eu tenho. Feliz ano velho, como outros livros mais contemporâneos, deviam ser incorporados dentro
do currículo. Quer dizer, o afastamento do prazer da leitura do jovem, do
adolescente, se dá também por ser uma coisa imposta e sem referências muito do
dia a dia, do cotidiano. Você era uma pessoa que já lia com prazer desde
criança? O que você acha a respeito de uma transformação no currículo escolar,
visando as pessoas terem também o gosto pela leitura, pelas coisas que elas
vêem?
Marcelo Rubens Paiva: Eu acho que isso está ocorrendo já, existe um grande movimento no
mercado editorial para que exatamente isso ocorra. Quer dizer, se você pescar
leitores desde o primário, levando eles a terem uma relação de prazer com
a leitura... Então, existem coleções infanto-juvenis em que alguns livros são
muito bens sucedidos. Eu não conheço profundamente esses livros. Agora, em
relação ao Feliz
ano velho, ele é adotado em muitas
escolas. Mas ele é muito censurado em algumas escolas também, inclusive na
minha própria escola. O colégio Santa Cruz, é um colégio em que ele não é
adotado, porque é um livro que fala mal do Santa Cruz. Aí eu acho normal os
pais também terem vetado o livro. Mas existem ainda tabus. Esse livro
[refere-se ao livro Depois daquela viagem, de Valéria Polizzi, comentado
anteriormente] dessa menina, certamente vai ter escolas em que os pais vão
falar: "como está dando um livro sobre uma menina com AIDS para o meu
filho?". Isso existe, existe uma grande classe média reacionária no
Brasil, que tem medo, que quer preservar os seus filhos de todos os temas que o
incomodam, especialmente quando isso envolve sexualidade e drogas, que são exatamente
os temas que os jovens estão mais precisando de um apoio, de uma informação.
Sergio Groisman: E
você gostava de ler...
Marcelo Rubens Paiva: Eu gostava. Eu, bom, eu vim de uma família, minha mãe lia muito, meu
pai, meu pai trabalhava em jornal, ele trabalhou no Última Hora, ele montou um jornal com
o Gasparian [Fernando Gasparian; 1930-2006; político e jornalista. Fundou nos
anos 70 o jornal semanário Opinião e a revista Argumento, considerados focos de resistência à ditadura militar. Presidiu a
Editora Paz e Terra e criou a livraria Argumento, no Rio], que era o Jornal dos
Debates. Então, minha
casa sempre tinha muito escritor, muito jornalista, o Millôr Fernandes [1923;
desenhista e escritor. Contribuía com desenhos na revista O cruzeiro], eu ia no estádio lá no Rio de Janeiro com o Millôr Fernandes, com o Hélio Fernandes [1920; jornalista; dono do jornal Tribuna da
Imprensa]. Era amigo dos
filhos dele e gostava de escrever. Escrevia muita porcaria, evidente, e lia
muito porque estudei sempre em colégios que exigiam fortemente a dedicação à leitura e especialmente uma leitura
voltada mais à filosofia, que é o caso dessa escola, o Santa Cruz em que a
gente tinha que ler. O Kotscho acabou de falar que ele também estudou nessa
escola, o Leão também. A gente tinha que ler Kafka
[1883-1924; escritor. Seu livro mais famoso é O processo], Sartre [1905-1980; filósofo existencialista
francês. É autor da obra O ser e o nada (1943)], Dostoievski [1821-1881; escritor. Autor
de Crime e castigo
e
O idiota], era um projeto
do Padre Sarbonho bastante curioso. Ele dava um monte de livro existencialista
pra os adolescentes, os adolescentes ficavam pirados, aí depois ele dava uma
cartilha de cristão, era a salvação.
Paulo Betti:
Teve efeito retardado em você isso, né? [risos]
Marcelo Rubens Paiva: Em mim e na maioria, né. [risos]
Neide Duarte:
Marcelo, eu li um artigo seu na Folha sobre o Arte
Cidade [Grupo paulista que reune artistas e arquitetos, internacionais e
brasileiros, voltados para situações urbanas complexas. O projeto visa
desenvolver repertório - técnico, estético e institucional - para práticas
artísticas e urbanísticas não convencionais], quando inaugurou, tal, que foi um
evento que tinha coisas maravilhosas em que você não teve oportunidade de ir.
Marcelo Rubens Paiva: Eu e 10% da população.
Neide Duarte: Eu
queria uma reflexão sua em cima disso. Você acha que o Arte
Cidade não deveria ter existido, então, por ter sido feito com dinheiro
público?
Marcelo Rubens Paiva: Não, esse rapaz deveria ter sido processado para
devolver esse dinheiro para os cofres
públicos, porque primeiro ele infringiu a lei. Porque a partir de 96, de abril
de 96, uma lei determina que qualquer local de reunião para mais de 100 pessoas
deve ser acessível, e esse local não é. Inclusive, ele foi construído com
dinheiro público. Ele não foi construído, ele foi planejado e o que mais me
irritou - eu nem ia escrever sobre isso, porque eu também pego muito no pé dos
produtores culturais nessa questão, coitados eles estão de saco cheio de mim já,
vou, xingo, reclamo, escrevo, vou na frente -, o que me irritou mais no Arte
Cidade é a resposta que ele deu a essa pergunta. Que não fui nem eu que
perguntei a primeira vez. Ele falou assim: "não, nós escrevemos uma carta
para os deficientes explicando isso porque a nossa proposta não era reformar os
espaços urbanos, a nossa proposta era fazer arte e tal". Só que na verdade
eles escolheram o local, eles escolheram o local inadequado e eles fizerem esse
Arte Cidade para repensar a cidade, para repensar a cidade urbanisticamente,
para pensar nos futuros projetos urbanos. São palavras deles. Eu fiquei
impressionado de ver como pessoas do nível intelectual envolvidas pensarem no
futuro discriminando 10, 15% da população. Isso não existe em nenhum lugar do
mundo! Inclusive, na Bienal da arquitetura que teve agora no mês passado em São Paulo, havia um
grande stand, que era visitado por muitos arquitetos, exatamente
mostrando a simplicidade que são as adaptações, os elevadores, como é barato,
como é possível. Mostrando que o futuro são projetos urbanos voltados para toda
a população e não para parte da população. Você está segregando a população.
Então, eu fiquei muito irritado, aí eu perdi a paciência.
Marta Góes: Marcelo,
deixa eu perguntar uma coisa. Você teve um sucesso precoce e um sucesso
identificado com a juventude, um sucesso inicial identificado com a sua
juventude. Como é que você vê a perspectiva de fazer 40 anos?
Marcelo Rubens Paiva: Eu acho ótimo. Cansa ser jovem. Quando eu fiz 30 anos eu já fiquei tão
aliviado. E eu acho que, faz tempo que eu não mexo mais com isso, inclusive o Fanzine
acabou aqui na TV Cultura porque eu achava que ele tinha que ser um programa
não etário, entendeu? Ele tinha que ser uma alternativa a quem assistia novela.
E, realmente, eu andava pelas ruas e era constantemente cumprimentado por
velhinhas, senhores aposentados que adoravam o programa e eu falava isso na
Cultura: "olha, gente, não é só adolescente que assiste, isso aqui é um
programa de debates, alternativa à novela, vamos esquecer essa história".
Fernando Gabeira:
Marcelo, não seria também a idéia de que há muitos velhos que mantém o seu lado
adolescente e jovem.
Marcelo Rubens Paiva: Pode ser, pode ser.
Heródoto Barbeiro:
Marcelo, eu gostaria que você respondesse aqui ao e-mail do nosso
telespectador, o senhor Xavier. Ele está escrevendo aqui da região da grande
São Paulo, diz o seguinte: "como pai de uma criança adolescente, gostaria
de saber sua opinião sobre qual seria a melhor maneira de mudar uma sociedade
como a brasileira e eliminar barreiras como dificuldades para conseguir escola,
acesso a lugares públicos para pessoas portadoras de deficiências físicas. Na
hora de conseguir uma escola boa para nossa filha, agora no segundo ano da
primeira série, encontramos preconceitos, dificuldades e comentários desse
tipo:" - e ele coloca aqui entre aspas - “'É melhor procurar uma escola
especializada'”. O que é que você tem a dizer aqui ao Sr. Xavier que é pai,
inclusive, de uma deficiente.
Marcelo Rubens Paiva: Chama a polícia, chama a polícia e prende. Porque, inclusive, existe
uma determinação federal. Vai ter uma propaganda de televisão, quer dizer, é
provável, é bom para os alunos e para o estudante deficiente a integração. É
isso que a gente quer. A gente quer que os garotos ajudem uns aos outros, que
aprendam os problemas dos outros. Eu acho que isso está acontecendo direto. Lá
na Folha a gente recebe muitas queixas de pais de crianças deficientes cujos
diretores não deixam matricular e apontam escolas especializadas. Eu acho que
tem que chamar a polícia porque, inclusive, isso é ilegal, isso é
discriminação.
Fernando Gabeira:
No caso da síndrome de Down, por exemplo, o grande problema hoje é exatamente
isso: incapacidade das escolas de receberem as crianças e integrarem. E é essa
racionalização, "procurem uma escola especializada", "procurem
alguém que cuide" para a gente não tocar nesse assunto.
Soninha:
Mas falta informação também, porque normalmente a defesa dessas pessoas é
assim: "mas nós estamos pensando no bem do seu filho, nós não queremos que
ele seja discriminado".
Marcelo Rubens Paiva: Mas está discriminando.
Soninha:
Exatamente, mas a defesa é sempre por aí.
Marcelo Rubens Paiva: Isso é ilegal, isso é inconstitucional. Quer dizer, eu acho que pode
chamar o delegado de polícia e flagrar.
Fernando Gabeira:
Agora, por outro lado, as escolas têm que se preparar também para integrar.
Marcelo Rubens Paiva: Mas aí sim, aí quando uma escola fala "está bom, então vamos ter
essa criança", aí, a partir daí, a escola se mobiliza.
Fernando Gabeira:
E surgem as soluções.
Marcelo Rubens Paiva: Agora, a partir do ponto de que não adianta...
Sergio Groisman: Você
achou que quando você sofreu o acidente você teria problemas desse nível?
Marcelo Rubens Paiva: Achei e tive.
Sergio Groisman:
Porque eu sei que você tem amigos, tem amigos mesmo, pessoas que durante muitos
anos conviveram com você de uma maneira muito boa, muito saudável, indo com
você para cima, para baixo, te ajudando, sem nenhuma intenção que não fosse a
da amizade. Agora, quando você sofreu o acidente, começou a pensar nisso,
"puxa, agora cadeira de rodas"?
Marcelo Rubens Paiva: Olha, o meu primeiro grande teste foi o meu primeiro dia de aula na
USP. Dois anos depois de ter sofrido o acidente, eu cheguei naquela classe onde
estavam todos os estudantes ali e tal, e eu no cantinho e cada um ia se
apresentando e eu morrendo de medo. "Meu Deus, agora vou falar meu
nome". Cada aluno se levantava e eu não podia me levantar. E eu falei
"meu Deus eu não vou me levantar e agora?" E aí na hora do meu nome,
eu falei meu nome, as pessoas me olharam e voltaram, entendeu? "Ué, passou
em branco?" Entendeu? E comecei a ter muitos amigos que, sabe, me tratavam
de uma forma totalmente natural. Não sei se é o jeito que eu chego nas pessoas
ou se eu tive sorte com os amigos. Tem amigo que não está nem aí, sabe? Me
ajuda quando é para ajudar, mas também tira muito sarro. Na ECA, eu lembro que
no primeiro ano eu tinha aula no segundo andar e não tinha elevador. Mas eu fiz
uma... - ainda é assim né? - eu falando com o diretor da escola: "vamos
mudar para o andar". E tinha salas em baixo: "mas lá não é o
jornalismo, aqui é o básico". "Mas muda-se isso né?" E eu lembro
que eu fiz uma operação no braço para melhorar a movimentação e eu fiquei 20
dias fora da ECA. E voltei com o braço engessado assim [mostra o braço
engessado]. Aí, o cara me olhou e falou "o quê aconteceu?" Eu:
"cai da escada". Aí foi uma mobilização imediata. Eu mesmo também não
tinha ainda a dimensão, não tinha a visão clara de que, puxa vida, eu podia
exigir isso como um direito. Eu achava que a culpa era minha e muitos
deficientes têm isso no Brasil, de que, "puxa, eu que fiquei na cadeira de
rodas, eles não tem culpa disso, então tudo bem eu peço para alguém me ajudar".
Heródoto Barbeiro: Marcelo, antes de você responder à pergunta do Kotscho eu queria dizer
o seguinte: tem uma quantidade gigantesca aqui de perguntas, de e-mail, eu vou
até juntar algumas - vou te passar a palavra do Kotscho que pediu aquela hora -
agora, só citando aqui, o senhor Valter Guarnieri, de São Paulo; o senhor
Marcio Marques, do Jaguaré, São Paulo; Rosana Cassini, de Itararé, interior de
São Paulo; o senhor Valdemar, de Birigui, do outro lado de São Paulo; o senhor
Geraldo Vargas, Ouro Preto, Minas Gerais; todos falam de política. O Fernando
Morais: "para quem segurou barras como a sua, você está com a cabeça
surpreendentemente boa, receba um abraço admirado do seu eleitor", entre
aspas. Quem sabe leitor e eleitor? E a pergunta fica por conta do Mauricio
Medina, toda na seqüência: gostaria de saber em quem você pensa em votar em
1998 para presidente, considerando que Lula e Fernando Henrique Cardoso estarão
na disputa?
Sergio Groisman:
Aproveito e pergunto para governador de São Paulo, já que o Maluf é o...
Marcelo Rubens Paiva: Para governador eu votaria na Marta Suplicy e para presidente eu
votaria no Gabeira.
Ricardo Kotscho: Por
falar em Gabeira, Marcelo, vou aproveitar que os dois estão juntos aí. Uma
outra entrevista que você deu para a Veja em 83, você fala da luta
armada que é um dos temas dos teus livros. O pessoal que fez a luta armada no
Brasil, por outro lado, entrou nessa ainda adolescente, sem saber o que estava
fazendo, estão até hoje em
crise. Aí a Veja pergunta: "essa geração não seria
aquilo que Fernando Gabeira, por exemplo, tem vontade de ser?" Você
responde: "é, acho que a gente conhece o Gabeira só pelas declarações dele
e isso dificulta um pouco". Isso já faz 15 anos, né? "O Caetano
Veloso também fez algumas coisas ridículas, ou melhor, meio papo furado, como,
por exemplo, lançar moda."
Marcelo Rubens Paiva: Eu tinha 21 anos, isso é uma maldade. [risos]
Ricardo Kotscho:
Deixa eu completar [completando o declarado à Veja pelo entrevistado]:
"Chega disso, já lançou muita moda agora é a nossa vez". O Gabeira
também tem disso, ele lança moda como líder político". Então, eu queria
saber, já que vocês estão juntos, agora você conhece melhor o Gabeira, qual é a
moda hoje, a moda política?
Marcelo Rubens Paiva: O Gabeira?
Ricardo Kotscho:
Não, a moda política?
Marcelo Rubens Paiva: É o PV, eu me filiei faz quatro meses ou cinco meses ao PV.
Ricardo Kotscho: O
que é isso?
Marcelo Rubens Paiva: O que é o PV?
Ricardo Kotsho: O
que é essa moda?
Marcelo Rubens Paiva: O PV é uma coisa fantástica. Porque eu nunca fui filiado ao PT, apesar
de muitas pessoas acharem que eu era. Fui entrevistar o secretário nacional do
PV - isso para a Folha, uma pauta que eu mesmo me pautei - sobre o apoio do PV
ao PT e sobre fofocas que o PV estava, de uma certa maneira o PV estava
repensando na aliança eterna que se faz ao PT, inclusive querendo romper essa
aliança para buscar uma identidade própria, porque o PV no mundo inteiro é um
sucesso e no Brasil ele custa a pegar. Tem um apelido de alfacinha, é meio debochado,
é meio exótico. E conversando com o cara, nós fomos num café ali em Pinheiros.
Ricardo Kotscho:
Quem que é o...?
Marcelo Rubens Paiva: É o Domingos [Fernandes], né? E ele
começou a me falar o que era o PV, começou falar uma coisa, começou falar
outra. "Engraçado, eu concordo exatamente com você". Eu falei:
"meu Deus do céu, encontrei um ideal, encontrei uma plataforma" Eu
achei que não existisse isso no mundo e aí comecei a conversar mais
profundamente e percebi que é uma plataforma bastante viável, bastante
importante, bastante relutante. E no mundo está sendo levado à sério e no
Brasil não, entendeu? Inclusive eu perguntei isso, "mas porque que no
Brasil vocês não conseguem?" "É porque a gente nunca consegue romper
esta aliança com o PT". E aí eu falei: "me dá essa ficha de filiação
que eu faço agora". O Brasil..., tem uma frase numa peça minha que diz o
seguinte: o Brasil é um grande Paraguai com praias. Entendeu? O Brasil tinha
que ser um país que as pessoas... se jogasse fora todo esse parque industrial
que está aí e voltasse para a sua belíssima natureza, e ficasse todo
mundo morando assim, ligada na internet, faz umas indústrias no
Nordeste, na seca nordestina que não tem que plantar nada, entendeu? E deixa o
resto, deixa os rios, vamos pescar, vamos nos divertir. Eu acho que a ecologia
hoje em São Paulo,
este ano em São Paulo,
essa questão passou a ser popular. A coisa da poluição aqui... memória curta,
mas há quatro mês atrás estava insuportável viver nesta cidade, todo mundo se
lembra disso, todo mundo passava mal, dor nos olhos. Eu lembro de um
congestionamento que eu peguei, tive uma hora que sair do carro e
procurar ar puro. E eu acho que está ficando sério, o aquecimento global está
ficando sério. São Paulo é uma cidade cheia de rios, não tem mais um rio. Meu
pai nadou no rio Tietê, meu avô nadava no rio Tietê. O rio Tietê era o ponto de
lazer desta cidade, inclusive tem clubes ali. O que fizeram? Furaram toda a
mata com marginais. Inclusive, na campanha a prefeito de São Paulo tinha um
candidato que propunha tapar o rio Tietê, falando "esse esgoto". Quer
dizer, em São Paulo
não tem mais oportunidade de lazer, por isso 130 mil pessoas no Ibirapuera
vendo Marisa Monte, porque é o lazer paulistano, o único que sobrou é o
Ibirapuera. E esse projeto... São Paulo vai ter que passar por um grande
processo de reurbanização como houve no Rio de Janeiro no começo do século,
como houve em Paris no século passado. Em Paris tiveram bairros que foram
demolidos para dar lugar para parques. E eu, quando candidato, quando vencer as
eleições, eu vou derrubar um monte de bairro e fazer um monte de parque.
Heródoto Barbeiro:
Marcelo, o Paulo está ali tentando fazer uma pergunta.
Paulo Betti:
Não, eu estava tentando... Você falou do teatro agora e [queria] puxar um pouco
para o teatro. Você tem escrito muitas peças, e eu queria saber o que você acha
do teatro agora, como é que você se vê como autor de teatro?
Marcelo Rubens Paiva: Você acha que eu sou bom?
Paulo Betti:
Eu acho você um ótimo autor de teatro, embora eu não tenha montado nenhuma peça
tua ainda.
Marcelo Rubens Paiva: Você leu, né?
Paulo Betti:
Li algumas peças tuas e queria saber o que você está pensando do teatro que
você tem visto por ai?
Sergio Groisman:
Um texto também agora não tem?
Marcelo Rubens Paiva: Tem três textos...
Paulo Betti: E aí, comeu? Uma das peças chama-se E aí, comeu?.
Fernando Gabeira:
É, eu acrescentaria uma pergunta, você nunca teve vontade de escrever para a
TV?
Marcelo Rubens Paiva: Para a TV eu não consigo, eu acho que é um bloqueio, eu não entendo, é
dificílimo, eu tenho amigos meus que escrevem. O Maurício escreve, e eu vejo que é uma técnica bastante
particular e bastante enraizada com a própria linguagem da telenovela da
televisão. Eu não tenho essa capacidade para essa dramaturgia à exaustão. Eu
gosto das coisas curtas, das coisas mais aprofundadas, né? Não que a televisão
não seja profunda, mas ela é veloz, ela é rápida.
Paulo Betti: Mas,
você escreve rápido?
Marcelo Rubens Paiva: Essas peças eu escrevi rápido, em quatro dias. Uma eu escrevi em quatro
dias: O
predador entra na sala; e o E aí comeu? eu escrevi em duas semanas. É engraçado
porque a minha literatura sempre foi focado um pouco no meu passado, o Feliz ano velho; no Blecaute,
dois personagens moravam em pensão e eu morei em pensão; o Ua:brari é um
personagem que viajava pela Amazônia e eu viajei pela Amazônia; e o Não és tu, Brasil é a minha infância numa linguagem ficcional. Em
teatro não, teatro é o que está acontecendo hoje, é engraçado isso. O E aí, comeu? são três homens discutindo essa nova mulher que
está atrapalhando a vida deles. Essa mulher que acabou finalmente com o
machismo e está se emancipando, uma mulher que trabalha, uma mulher que tem
tesão e que, se o cara não dá tesão para ela, ela tem outros, ela tem o seu
fundo de garantia, ela tem o seu plano de saúde. Então, ela pode perfeitamente
abandonar aquele marido cheio de amantes, o clássico chauvinista brasileiro.
Soninha:
Marcelo, já que a gente está falando de teatro e televisão e você falou
livremente tesão, comeu. Você, quando esteve na MTV...
Marcelo Rubens Paiva: Mas o
E aí, comeu? é sobre culinária...
Soninha: Você
se manifestou a favor do controle sobre a programação das TVs. E você disse
também que não acha que tudo isso que tem acontecido está ligado às artes e à
televisão, seja de uma maneira de ameaça, de retorno à censura. Tudo bem, de
fato não configura a censura porque não foi uma proibição prévia disso, foi
lançado e vendido. Mas esse controle que você imagina sobre a televisão, como
ele funcionaria? Porque se ele for prévio, ele é censura e se ele for
posterior, como ele pode funcionar? Entendeu? Pode adiantar? O estrago está
feito.
Heródoto Barbeiro:
Só adiantando que essa também é a pergunta da nossa telespectadora, dona
Mariana Baltar de Brasília.
Marcelo Rubens Paiva: Eu vou te dar três exemplos: primeiro, eu estava vendo a TV Record há
uns três, quatro dias atrás: assalto num banco da Paulista, a Paulista cercada,
Rota, Garra, fechando a avenida. Chega a equipe da TV Record, desce, "olha
lá, parece que os bandidos estão lá dentro ainda, vamos ver". Chegam com a
câmera próximo, "poderiam os bandidos estar lá dentro?". Não estavam,
aí saem os policiais, e a equipe atrás dos policiais, "onde foram os
bandidos?" "Onde foram os bandidos?" "Se evadiram, estão
por aí, atrapalhando um pouco a movimentação."
Soninha: É
uma barbaridade, agora como se controla isso?
Marcelo Rubens Paiva: Eu vou acabar. Eles entram num carro e vão atrás de um carro da Rota,
na mesma velocidade que um carro da Rota. Entendeu? Sabe? Furando, quer dizer,
desrespeitando as leis de trânsito. Isso é ilegal. Então, na minha
opinião, não é uma censura que deve ser feita na televisão. Isso
deveria ter um promotor do Ministério Público olhando aquilo e falando
"opa, isso é ilegal". [Deveria] ter ido lá e ter lacrado a emissora
por uma hora, por duas horas, e falado: "vocês não podem fazer coisas
ilegais".
Fernando Gabeira:
Você puniria a emissora porque eles estavam desrespeitando o sinal de trânsito?
Soninha:
É, porque a MTV mostra um viciado em drogas injetáveis. Então, numa distorção
do processo, a MTV pode ser punida, mas quem decide, entendeu? Quem tem o poder
de dizer?
Marcelo Rubens Paiva: Aí é diferente, quem decide é quem conhece as leis, é o Ministério
Público, por exemplo. S'e você desrespeitar a lei... eu exagerei, não [quero]
lacrar a TV Record. Mas sabe conversar com a TV Record e falar "pera lá
você estão correndo...
Sergio Groisman: Eu
acho que, independente da questão legal, vamos falar de programação.
Fernando Gabeira:
Porque normalmente a TV não orienta a pessoa a desrespeitar o transito
oficialmente, né?
Soninha:
Mas muitas vezes a TV não infringe nenhuma lei e expõe um programa horroroso,
medonho, deformador, entendeu? Como?
Marcelo Rubens Paiva: Não, eu não quero um instituto de censura, mas eu, por exemplo, existe
na Folha
de S. Paulo, o jornal em que eu
trabalho, no manual da redação, uma coisa bem clara: você não pode fazer uma
matéria colocando em risco a vida de pessoas. E constantemente isso é feito
naquelas, naquelas pegadinhas do Faustão, pessoas que saem correndo com susto e
podem ser atropeladas. Agora, o que eu me pergunto é o seguinte: será que a
gente vai ter que esperar um dia o carro de uma emissora de televisão numa
perseguição policial capotar, atropelar quarenta pessoas para punir? Quer
dizer, o Brasil sempre vive sob a perspectiva de que vamos punir só quando o
fato acontece, não tem nenhum tipo de prevenção.
Soninha:
Mas o que quê você propõe? Isso que é o difícil de resolver, entendeu?
Marcelo Rubens Paiva: Eu não proponho nada. Eu proponho que tenham pessoas olhando para a
televisão e que punam as pessoas que discriminem. Como há programas policiais
que discriminam cidadãos chamando de bandidos sem serem julgados. É isso que eu
proponho, pessoas que olhem e que vejam aquilo.
Soninha:
Mas, essas pessoas não são a própria sociedade? Quando começou todo esse
celeuma em torno de Faustão e Gugu, o que aconteceu? Deu uma baita reação da
sociedade e da imprensa e os programas deram uma maneirada, entendeu?
Fernando Gabeira:
Reação da sociedade?! Com pouca reação da classe média. Porque a classe média
vê pornografia de madrugada, então, ela fica muito revoltada quando o povo tem
acesso à nudez no meio da tarde. Ela fica, acha horrível, e também porque não é
de bom gosto. Então, é o seguinte: pode ter pornografia nas nossas televisões e
tem que ser de bom gosto, mas aí a vida não dá para segurar, certo?
Sergio Groisman:
Você acha que o Brasil tem a televisão que merece?
Fernando Gabeira:
Eu só não queria deixar rolar muito a pergunta. Quer dizer, não há caminho,
mesmo porque se quiserem censurar, os instrumentos modernos estão se
desenvolvendo de tal forma que eles superam a censura. Quem vai censurar a
internet? Já não há mais, não é esse caminho, temos que pensar em outra coisa.
Marcelo Rubens Paiva: Acho que não é censura, não é censura! Acho que é ficar de olho
naquilo que está sendo...
Fernando Gabeira:
Outra coisa fundamental é que as pessoas têm o controle remoto, elas podem
mudar de televisão, elas podem comprar um outro jornal, quer dizer, essas
coisas funcionam também.
Soninha: Essa
é a minha opinião, mas as pessoas estão sempre preocupadas com os outros, né?
Não, eu sei, na minha casa e com os meus filhos, mas existem pessoas.
Leão Serva:
Você vê o quê de televisão, Marcelo, você vê programas assim?
Marcelo Rubens Paiva: Eu não tenho a televisão que eu mereço, eu vejo TV a cabo. Deixei de
ver televisão há muito tempo.
Heródoto Barbeiro:
Marcelo, nós estamos de certa forma já chegando ao final do programa, eu
gostaria que você respondesse alguns dos nossos telespectadores.
Fernando Gabeira: De
certa forma, ou estamos chegando?
Heródoto Barbeiro: Estamos chegando. Mas, Marcelo, essa questão ainda da TV, antes de
responder aqui ao nosso telespectador, recentemente as TVs abertas italianas,
me parece que sete TVs, que abrange todas as TVs abertas, resolveram fazer um
acordo e as cenas mais fortes de sexo ou de violência, elas não passam na TV
entre sete da manhã e dez e meia da noite. Isso é um acordo, quase como um Conar [Conselho de Auto-regulamentação Publicitária] das
televisões italianas que resolveram fazer isso. Você acha que esse seria um dos
caminhos para a televisão brasileira, ou não?
Marcelo Rubens Paiva: Claro, eu acho que sim, mas eu não estou falando tanto na nudez, a
nudez não me preocupa não.
Heródoto Barbeiro:
Quer dizer, seria quase como uma auto-regulamentação, é isso?
Marcelo Rubens Paiva: Eu acho que sim, como os jornais fazem, os jornais tem manuais, as
empresas fazem.
Heródoto Barbeiro: A Tv Cultura também fez manual e essa questão que você colocou - viu,
Marcelo? um esclarecimento - essa questão de não se colocar a vida das pessoas
em risco, faz parte também do manual de ética aqui da TV Cultura.
Marcelo Rubens Paiva: Deveria também fazer parte da TV Record, da TV Globo.
Heródoto Barbeiro: Lógico, claro. Agora eu gostaria que você respondesse ao senhor César
Augusto Paes, de Porto Alegre, que também... a pergunta é polêmica, eu gostaria
que você respondesse a ele. Ele pergunta o seguinte: O que você achou da prisão
do conjunto musical Planet Hemp?
Marcelo Rubens Paiva: Isso eu achei um abuso, aí se misturaram as coisas, aí virou uma
discussão histérica. A MTV foi bastante técnica nesse ponto, quer dizer,
misturou tudo.
Soninha: Foi
incisiva.
Marcelo Rubens Paiva: Não porque é uma lei, é a lei do entorpecente, entendeu? E ai começou
a se falar que...
Soninha: Como
toda lei [é] sujeita a interpretações.
Marcelo Rubens Paiva: Pois é, mas aí você tem que discutir, o próprio STF [Supremo Tribunal
Federal], é superior ou supremo? Eu nunca sei, Supremo Tribunal Federal
já falou para a sociedade: vamos refazer essa lei, essa lei é que é
autoritária. Quer dizer, você colocar pessoas que fazem músicas falando da sua
experiência pessoal sobre maconha no mesmo patamar de traficantes.
Soninha:
Quando isso deixou de ser uma hipótese e é um fato eles foram colocados na
cadeia.
Marcelo Rubens Paiva: Pela lei dos entorpecentes, entendeu? Não por censura, não.
Por, inclusive a Constituição...
Soninha:
Foi um flagrante que foi considerado...
Marcelo Rubens Paiva: As pessoas falam que o Brasil vive um momento de muita liberdade de
expressão, mas a Constituição é bastante dúbia também, e tem causado a censura
de livros, como o livro do Garrincha [Estrela solitária: um brasileiro
chamado Garrincha, de Ruy Castro], como o livro daquele pastor.
Soninha: Mas
aí também foi uma ação que... Deram entrada em uma ação contra o livro, como
uma pessoa poderia ter dado entrada em uma ação contra...
Ricardo Kotscho:
Marcelo, eu queria fazer uma pergunta mais pessoal, mas bem rápida. Você é um
batalhador, já venceu várias batalhas e tal. Agora, houve algum momento,
Marcelo, que você fraquejou, que você falou: "olha, não tem jeito, não vai
dar" [Um momento em] Que você quase desistiu e foi em frente?
Marcelo Rubens Paiva: Não, algumas vezes eu pensei até em suicídio mas foi logo no comecinho
e também nem teria... não teria nem saco para procurar, sei lá, o quê? Uma
tesoura, uma faca. Nem planejei, nem pensei, mas entrei em depressões, em
angústias como todo mundo.
Leão Serva: Você
não respondeu se vai torcer pelo Palmeiras nesse final de semana?
Marcelo Rubens Paiva: Não, vou torcer para o Vasco.[risos]
Heródoto Barbeiro:
Marcelo, nós estamos realmente chegando ao final do seu programa, do nosso
programa, eu gostaria de, primeiro, registrar que o Marcos Breda gostaria
de mandar um forte abraço ao Marcelo e manifestar um enorme
orgulho, dizendo aqui, por ter sido, por ter representado o protagonista Marcelo
na sua história, no filme Feliz ano velho, dirigido
pelo Roberto Gervitz, em 1986. Saudações a
todos, Marcos Breda. E aqui tem também uma questão do Danilo, mandou um e-mail
para cá, dizendo o seguint, ele pergunta: como é que você vê o desenvolvimento
do ser humano neste final de século, se ele passa necessariamente por um
desenvolvimento espiritual e se isso tem a ver alguma coisa com a ascendência
das igrejas evangélicas, se isso tem algum sentido?
Marcelo Rubens Paiva: Eu acho que não, acho que isso é uma resistência. Todo momento de..
todo passo para frente tem uma resistência de querer voltar para trás e... não,
eu acho que o que vai haver agora no século XXI é uma redescoberta da qualidade
de vida. Esse é o ponto chave da vida das pessoas. Não faz sentido mais
ficar morando um monte de gente amontoado, trabalhando que nem um bando de
maluco, sabe? Chegar em casa e ficar vendo televisão com aquela cara de,
entendeu? Aquela cara inerte enquanto você poderia viver de um jeito
completamente diferente. Eu acho que as grandes cidades, vai haver uma grande
revolução nos projetos urbanísticos, as pessoas vão repensar no jeito como elas
moram, a internet vai facilitar muito isso, as pessoas vão poder morar no meio
do mato sem se sentirem isoladas dos grandes acontecimentos. E a questão da
ecologia acho a questão seriíssima, do aquecimento global. Quer dizer, tem
coisas, tem detalhes que estão acontecendo, quantos minutos tem ainda?
Heródoto Barbeiro:
Já estamos terminando, temos o primeiro ponto.
Marcelo Rubens Paiva: Então, então vai continua.
Heródoto Barbeiro:
Por favor, termina o raciocínio.
Marcelo Rubens Paiva: Não, é muito longo o que eu ia falar, deixa para lá.
Heródoto Barbeiro:
Bom, Marcelo, eu queria agradecer a sua gentileza em nome aqui da produção do Roda
Viva, e dizer para você que tem
uma quantidade gigantesca de perguntas, nós vamos passar todas para você. Fax,
telefonemas, os e-mails estão impressos também para você. Queria agradecer
todos aqueles que participaram hoje do Roda
Viva e também às perguntas que,
infelizmente, não pudemos passar todas para o Marcelo, nós vamos então entregar
aqui ao nosso entrevistado.
O Roda
Viva volta na próxima
segunda-feira, às dez e meia da noite. Muito obrigado, boa noite.
Não leu a primeira parte da entrevista? Clique no link abaixo:
http://outros300.blogspot.com.br/2012/09/entrevista-marcelo-rubens-paiva.html
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