Livro reúne resenhas de mais de mil canções que entraram para a história
Obra reúne composições imperdíveis, mas deixa de fora uma parte importante da música popular brasileira
Listas enumerando o que é melhor ou mais importante em determinada área tendem a ser sempre alvo de discussões, mesmo quando saem das mãos de especialistas que seguem rigorosos critérios de seleção. Isso porque a arte é feita de subjetividade, não é uma ciência exata e precisa. Logo, tais listas não serão justas com este ou aquele nome e, consequentemente, vão dividir opiniões. Ainda assim, elas têm lá sua relevância, uma vez que podem servir como guia – sobretudo aos leigos no assunto.
Os diversos livros da coleção "1001", por exemplo, são um sucesso editorial no mundo inteiro. No Brasil, na seara cultural, já foram publicadas as listas com discos, filmes e livros "imperdíveis". Agora, a editora Sextante acaba de lançar "1001 Músicas para Ouvir Antes de Morrer", organizada pelo crítico e escritor inglês Robert Dimery, que foi responsável pela antologia dos discos, lançada originalmente nos Estados Unidos, em 2005.
Madonna, a Rainha do Pop, está representada com dois sucessos dos anos 80
A obra conta com a contribuição de 48 jornalistas e críticos de renome internacional (com passagem por grandes veículos, como "Guardian", "NME", "Independent" e "Uncut"). Há, claro, uma predominância de músicas de língua inglesa – inevitável, dada a origem dos envolvidos no projeto –, mas o livro consegue abranger culturas diversas: brasileira, afro-cubana, flamenca, portuguesa, italiana e árabe, por exemplo.
Critérios
O processo de seleção das canções, conforme explica Dimery na introdução, restringiu-se apenas a músicas que tivessem letras (as instrumentais, sugere, talvez entrem em um novo livro). Ainda que a importância histórica desta ou daquela canção tenha influenciado muitas escolhas, fica evidente que a popularidade falou mais alto, sobretudo nas culturas de fora dos Estados Unidos e do Reino Unido.
Reunindo mais de 900 imagens e resenhas para as 1001 músicas, a publicação traz clássicos de jazz, blues, rock e funk, um punhado de canções italianas e francesas, hip hop e pop e alguma coisa da bossa nova. Entre hits, há músicas mais obscuras e "lados B". O hino "Born to Be Wild", do Steppenwolf, por exemplo, dá lugar à menos conhecida "The Pusher".
Infelizmente, os críticos do livro escorregam feio quando a música brasileira entra em cena, a ponto de atribuírem a criação da bossa nova a "uma única pessoa": Antonio Carlos Jobim. A primeira menção ao gênero, aliás, aparece somente com a gravação da versão em inglês de "Garota de Ipanema", em 1964, por Stan Getz, João Gilberto e Astrud Gilberto.
Por alguma razão inexplicável, não entrou nenhuma faixa do álbum "Canção do Amor Demais" (1958), de Elizete Cardoso, nem de "Chega de Saudade" (1959), de João Gilberto – discos considerados os marcos inaugurais da bossa nova.
Apesar de ter influenciado artistas no mundo, Caetano Veloso ficou fora da seleção
Surpreende também as ausências de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que influenciaram inúmeros artistas pelo mundo, principalmente com o tropicalismo – que é mencionado somente na página 228, com a versão de Os Mutantes para "A Minha Menina", de Jorge Ben. Enfim, como já se disse, listas são mesmo subjetivas e não fazem justiça a todos.
Serviço:
1001 Músicas para Ouvir Antes de Morrer
Robert Dimery (org.)
Sextante, 960 páginas
Preço Médio: R$ 59,90
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