quarta-feira, 12 de junho de 2013

CRÍTICA DA SÉRIE 'SAI DA BAIXO'

Ontem e nas próximas três terças-feiras o canal a cabo Viva irá apresentar episódios inéditos da clássica série de humor brasileira 'Sai da Baixo' em comemoração aos seus três anos de existência. Vavá, Magda, Cassandra, Caco Antibes e companhia voltaram a agitar os alicerces do Largo do Arouche. Confira a crítica ao episódio de ontem aqui no Outros 300.


Valeu pela saudosismo
Roteiro louco demais compromete reestreia

Programa que ficou no ar de 1996 a 2002, 'Sai da baixo', sem dúvida, foi um dos programas de humor que marcaram a história da TV brasileira, principalmente porque resgatou uma de nossas maiores características televisivas: A de séries de humor feitas em palcos de teatro, adormecidas desde o fim da série 'Bronco', que era capitaneada por Ronald Golias, na Band, nos anos 80.

Contudo, se a fórmula não era inédita, ela era, no mínimo, desconhecida por grande parte da juventude brasileira. Por isso que talvez, ao entrar no ar, o programa tenha feito tão grande sucesso. Claro que além disso o roteiro de  Rosana Hermann, Maria Carmem Barbosa e Euclydes Marinho e a direção de Daniel Filho e Denis Carvalho também ajudaram.

Porém a chave do sucesso, indiscutivelmente, era seu elenco, composto por grande feras do humor e dos palcos. A geração mais vitoriosa da série era composta por Luís Gustavo (Vavá), que também era criador da série ao lado de Daniel Filho, Aracy Balabanian (Cassandra), Marisa Orth (Magda), Tom Cavalcanti (Ribamar), Cláudia Jimenez (Edileusa) e Miguel Falabella (Caco) que também era um dos roteiristas.

Por isso que, ao saber que teríamos episódios comemorativos inéditos sem Tom e Jimenez, eu já torci o nariz, pois os dois foram figuras importantíssimas para o sucesso da empreitada. No lugar de Jimenez entrou Márcia Cabrita (Neide) que já havia feito parte, exatamente em substituição a Cláudia, na série, enquanto o personagem correspondente a Ribamar ficou simplesmente vago.

'Sai de Baixo' foi um programa tão marcante que é uma das maiores audiências do 'Viva', um canal a cabo que é nutrido basicamente por reprises da TV Globo. Tanto que, onze anos depois, foi-se feito tanta força para reunir parte da turma para estes episódios.


A crítica

O programa valeu mais pelo saudosismo do que pelo humor. Muita coisa aconteceu com nós, espectadores, nestes onze anos e, cá entre nós, mudamos bastante. Não dá mais pra rolar de rir das mesmíssimas piadas da década (e século) passados, e isto é fato.

No mais, há de se também lembrar, que o programa vinha perdendo o gás quando terminou, exatamente, e em grande parte, pelas saídas de Tom Cavalcanti e Cláudia Jimenez. Não por coincidência no episódio de ontem, que suas ausências marcaram tanto a nossa memória.

Talvez por isso que o programa tenha girado em torno da substituta dos dois astros não presentes no revival. Coube a Neide Aparecida (Cabrita) ser o pivô para a rereunião da família Mathias Saião Antibes. Após ficar rica, a ex empregada decide, não se sabe porquê (a primeira falha grave do roteiro), trazer os integrantes da família de volta. Para cada personagem uma história mirabolante para justificar a ausência foi criada.

Daí tivemos acesso às mesmas piadas de outrora  Magda confundindo as palavras e ditados, Vavá citando o clássico "aqui farroupilha", e principalmente Miguel Falabella com o célebre "cala a boca, Magda!", "eu tenho horror a pobre", além de brincadeiras com a cútis de Cassandra e pronuncias com seu inglês nada perfeito, voltaram a nossa telinha.

A trama (que teve participação especial de Toni Ramos) não existiu, pois houve confusão na interpretação da essência do programa. O mesmo tinha roteiro com situações absurdas, mas com uma certa linha de raciocínio. Neste programa, o roteiro quase não existiu e a história (se é que existiu alguma) não tinha pé nem cabeça. 


Algumas piadas não decolaram por serem exatamente descoladas da quase inexistente história inicial. Magda, por exemplo, em dado momento, diz que dormiu em cima do lustre, mas não se sabe porque tal comentário foi inserido. Depois a mesma começa, do nada, a desconfiar que Cassandra não é sua mãe, para depois simplesmente esquecer o assunto.

Vavá ganha uma pecha de mandão que não lhe era peculiar, Caco fica menos ambicioso e mais "bobinho" (onde Caco entregaria uma mala com um milhão de reais a alguém por confiança?!?) e os cacos (improvisos) que eram ponto alto do programa ficaram quase que exclusivos a Falabella, pois cabia a Jimenez e Tom fazer a escada para tais situações. Orth tentou fazer um caco. Em dado momento Magda desliga o telefone com um "passar bem". Eis que a atriz solta um "e engome bem também". O caco foi tão ruim que a mesma fez uma careta de reprovação.

Para tentar se aproximar ao nosso tempo, o programa tentou fazer piada com temas atuais, mas fracassou. A retirada dos seios de Jolie, a homofobia (com direito a um desnecessário 'chupa Feliciano'), os direitos trabalhistas das empregadas, e o problema dos aeroportos até são temas atuais, mas não conseguiram ser inseridos de forma bem humorada. A piada acerca do preço do tomate foi um fiasco, pois o preço da fruta já voltou ao normal há uns dois meses, pelo menos.

O lado interessante do programa foi que, por ser veiculado numa TV fechada, não se furtou de fazer piadas politicamente incorretas. O clima mais leve permitiu que algumas cenas que deram errado fossem ao ar assim mesmo, o que foi ponto a favor. Num contexto geral, apesar de fraco, o programa é uma boa pedida. Especialmente para a galera que o acompanhou em sua primeira versão. A turma mais nova talvez ache chato.

Quem não conseguiu ver o programa ontem temos algumas boas notícias! Teremos sua reprise no sábado as 20h e no domingo as 23:30h. Não tem TV a cabo? Sem problema! O programa será exibido de quarta-feira (19) em diante no site da própria TV.

Um comentário:

  1. Também fiquei meio decepcionada, achei as piadas fracas, era difícil rir, principalmente se você comparar com os episódios do passado. Talvez até seja uma readaptação, pois o tempo passou pra todos e o ritmo agora já não é o mesmo.

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