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No prefácio (1920) de Imperialismo, fase superior do capitalismo (1916), Vladimir Illitch Lenin (1870-1924), líder da revolução russa de 1917, define o imperialismo tal como sugere o subtítulo de seu livro, fase superior do capitalismo, detendo os seguintes traços: 1)através dele, o capitalismo se transformou num sistema mundial de subjugação; 2) que estrangula a maioria da população do planeta; 3) através de um punhado de países “avançados”, armados até os dentes; 4) que dominam e arrastam todo o planeta para uma incessante guerra pela partilha das riquezas dos povos; 5) saqueando-os implacavelmente;6) nesse cenário, não existe a mínima possibilidade de alternativas românticas, como se pudéssemos produzir história nacional, por exemplo, fora das estratégias imperialistas de dominação do mundo: ou nos submetemos, deixando que saqueiem nossos recursos e nossos povos humilhados e empobrecidos, quando não assassinados; ou nos armamos até os dentes entrando na disputa interimperialista; ou nos unimos, com países igualmente saqueados e submetidos, a fim de, em processo, através de uma agenda própria, construirmos história.
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As duas guerras mundiais do século passado foram, sob esse ponto de vista, desencadeadas por países armados até os dentes que disputavam a partilha do mundo, principalmente os países do Ocidente, Alemanha, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Estados Unidos, porque, se o imperialismo é a fase superior do capitalismo, ele é simultaneamente a fase superior da expansão colonizadora europeia; uma espécie de cruzada ocidental pela repartição não menos ocidental de todo o planeta, sob a forma, por exemplo, da imposição de um modelo único de produção econômica, o sistema mundial de produção de mercadorias, conforme a definição do filósofo alemão Robert Kurz, independente se prevalece, nele, o Estado, a “livre iniciativa” ou o socialismo, pois por todos os lados a mercadoria reina absoluta, mercantilizando-nos imperiosamente, ocidentalmente, através da expansão imperialista.
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Japão, União Soviética e China, entre outros, entraram em cena, sob essa perspectiva, mais como reação, resistência e subordinação à palavra de ordem da expansão imperialista do capitalismo ocidental do que como protagonistas históricos de outro modelo de sociedade, não rendido à forma-mercadoria, razão pela qual as guerras de pilhagem eram e são também guerras culturais, epistemológicas, tecnológicas; guerras de imposição para todo o planeta de um homogêneo e vazio modelo planetário de civilização, a burguesa, o que não significa que a invasão de terras alheias seja uma questão ocidental. As grandes civilizações de tradição do oprimido, anteriores à nossa, também invadiam povos, submetendo-os e seqüestrando suas riquezas. As diferenças entre a expansão imperialista do Ocidente, sob a forma de ocidentalização de todo o planeta, em relação às formas precedentes, são: 1) o imperialismo burguês é planetário;2) Nenhuma outra expansão, nem a romana, alcançou esse status, razão por que esse é o grande jogo no qual estamos e através do qual devemos agir, inclusive para superá-lo.
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Após a Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos se tornaram o epicentro da expansão imperialista do Ocidente, com um claro objetivo de impor uma pax americana planetária, fundada na dominação levada a cabo pelo que ficou conhecido como keynesianismo bélico. Sob esse ponto de vista, não nos iludamos: as guerras são o principal agente econômico do imperialismo, dominado até o momento por Estados Unidos. São elas que tem feito o mundo crescer, constituindo-se como o verdadeiro combustível do que geralmente chamamos de progresso ou de desenvolvimento.
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Se, conforme Lênin, o imperialismo é a fase final do capitalismo, significa simplesmente que ele é seu gestor mundial, razão pela qual, os Estados Unidos, como epicentro desse modelo, são antes de tudo os pragmáticos administradores mundiais do capitalismo, motivo pelo qual investem (isto é, nós investimos) fortunas para manterem a dianteira bélica no sistema-mundo, principalmente realizando guerras sem cessar, seja diretamente, seja gerenciando outras, através, por exemplo, da Otan e de parceiros como as ditaduras do Golfo Pérsico, região de países como Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, todos cada vez mais armados até os dentes e dispostos a realizarem, patrocinarem e organizarem guerras em nome antes de tudo dos interesses americanos, como a que neste momento está ocorrendo na Síria, país invadido por mercenários fundamentalistas treinados, armados e financiados pelos agregados comerciais e bélicos dos Estados Unidos, em nome do Deus-lucro, para as corporações, e de Alá, para os ditadores do petrodólar.
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Com mais de 872 bases militareis espalhadas pelo planeta, incluindo as 7 recentes, de Colômbia, os Estados Unidos literalmente invadiram o mundo, invasão que se realiza não apenas através de presença militar, mas também pela presença diplomática, através das embaixadas americanas, núcleos elas mesmas de golpes, espionagem, ameaças, cooptação não importando o país onde estejam; por meio da presença cultural, encarnada no estilo americano de vida; através de quantidade indefinida de agências financiadas pelo poder público, financeiro e corporativo, de nomes pomposos e dissimulados, como Usaid, Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, NED, Fundação Nacional para a Democracia, Freedom House; ONGs, meios de comunicação e uma intrincada rede de espionagem telefônica e eletrônica de maneira que hoje é possível afirmar que a Rede Mundial de Computadores, de domínio americano, é também uma rede planetária de espionagem, como ficou evidente com as recentes denúncias do administrador de sistemas americano, Edward Snowden, mais um perseguido político, na lista dos já incontáveis, da ditatorial democracia bélica do imperialismo americano, sem contar os aviões não tripulados, os quais, em tempo real, ao mesmo tempo esquadrinham e matam “suspeitos” e inocentes, concebidos cinicamente como danos colaterais.
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Chegamos enfim ao Brasil, este estranho país que vive a si mesmo como se não fizesse parte desse grande jogo planetário, o do imperialismo como administrador mundial do capital, inclusive como se não fizesse parte do que usualmente os gringos americanos chamam de pátio traseiro deles. Basta olharmos os noticiários, inclusive os de esquerda, com raríssimas exceções, para constatarmos estarrecidos que vivemos os acontecimentos internos como se fossem sempre internos, questões nossas, seja de incompetência, seja de corrupção, seja de êxito, competência ou ainda de resistência, de lutas populares. O Brasil vive a si mesmo como se fosse um laboratório endógeno de sobrevivência histórica, uma espécie paradoxal de povo formado e formando-se por geração espontânea, in vitro.
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No Brasil, tanto a direita como parte da esquerda insistem em omitir esta questão fundamental, questão de sobrevivência: ou continuamos como pátio traseiro do imperialismo americano, humilhando-nos e empobrecendo-nos eternamente; ou nos esforçamos, unindo-nos a nossos vizinhos, para produzir um mundo multipolar, a fim de deixarmos de ser uma das fontes mais seguras de formação de capital primitivo para o Tio Sam, por exemplo através de tratados de livre comércio que nada mais são do que tratados de livre sujeição, nos quais e através dos quais os beneficiados são antes de tudo eles e um segmento capacho, hipócrita, cínico, racista e vendido de nossas elites econômicas, culturais e acadêmicas, com a certeza de que a esmagadora maioria da população, inclusive as classes médias, ficarão cada vez mais pobres, ignorantes, subalternas, mergulhadas na barbárie.
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Com todas as contradições próprias de um processo histórico complexo, a América Latina dos últimos pelo menos 15 anos tem efetivamente experimentado a possibilidade de deixar de ser o humilhado e miserável pátio traseiro dos Estados Unidos através, por exemplo, da memorável recusa do Alca, o famigerado tratado de aliança arquitetado por Clinton e levado adiante por Bush e enterrado em Mar del Plata, Argentina, precisamente porque elegemos presidentes mais comprometidos com o desafio de nos livrarmos da condenação de sermos, por estarmos tão próximos, o sempre disponível capital primitivo do Tio Sam. É, pois, a incorporação política do desafio de superação de nossa subserviência ao imperialismo americano que levou presidentes eleitos na Argentina, na Venezuela, no Equador, na Bolívia, no Brasil, Uruguai a se aproximarem e investirem energias na produção de nossa integração soberana,seja através da criação da Alba, Alternativa Bolivariana para as Américas, do Unasur, União de Nações Suramericanas, Celac, Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos; da inclusão de novos membros ao Mercosul, como a Venezuela, com o claro, ainda que vagaroso, objetivo de nos tornarmos mais independentes de Estados Unidos, única alternativa, não existe outra, de produção de verdadeira democracia e, portanto, de realização efetiva de protagonismo político e justiça para os nossos povos, historicamente humilhados e violentados pelo mais implacável poder colonial jamais presenciado: o poder do imperialismo americano, acúmulo milenar de todas as violações, usurpações, ismos, idiotismos, sofisticando-os por meio de tecnologias de enganar, espionar e matar, tudo ao mesmo tempo agora, sem contradição alguma.
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Como gestor pragmático do capitalismo mundial, tendo em vista antes de tudo os interesses econômicos de suas multinacionais, o imperialismo americano tem mundialmente o seguinte objetivo primordial: canalizar as multiplicidades do planeta transformando-as em modelo de realização do teatro de guerra, que é o mundo, pois só assim conseguirá usurpar as riquezas dos povos. Para tanto, ele não exclui absolutamente nada, nem esquerdistas, nem direitistas, nem anarquistas, nem fundamentalistas, nem evangélicos, nem católicos, nem homens, mulheres, homossexuais, índios, brancos, negros, mestiços, pois sempre parte da realidade do terreno, com suas especificidades, procurando tirar proveito mesmo em situações adversas.
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Com o objetivo de esquadrinhar e capturar as multiplicidades humanas, independente de suas especificidades (insisto), o imperialismo americano domina totalmente as tecnologias de controle de nossa época, em sua dupla dimensão interrelacional: 1) a dimensão individual, marcada pelo objetivo maior de mapear o indivíduo isolado e/ou as multiplicidades de indivíduos. Chamo essa dimensão de panóptico molecular porque está voltada ao mesmo tempo para as pessoas isoladas e também para a visualização dos fluxos humanos numa determinada região, inclusive e antes de tudo os fluxos de jovens rebeldes, insubmissos. A internet é a tecnologia responsável pela captura dos movimentos dos fluxos, razão pela qual os Estados Unidos detêm um indiscutível domínio da Rede Mundial de Computadores e nos espiona a todos, através, por exemplo, das redes sociais, instrumento poderoso para observação do movimento e das tendências comportamentais de diversos perfis humanos; 2) a dimensão do panóptico estelar, a partir da qual a Terra é vista de fora, através de uma infinidade de satélites que gravitam em torno do Planeta. O panóptico estelar não conhece fronteiras, nem de países, nem de continentes ou subcontinentes, capturando-as como modelo de realização geoestratégico da dominação americana de todo o mundo, simplesmente porque tudo é usado como modelo de realização de mais-valia: mais-valia financeira, mais-valia de recursos energéticos, mais-valia cultural, mais-valia comportamental, mais-valia de recursos naturais, mais-valia de subjetividades, de sexualidades, enfim, de multiplicidades mapeadas, vigiadas e efetivamente operadas para a realização da mais-valia mor: a dominação implacável de todo o planeta.
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Tudo é, pois, transformado em peças de um grande jogo de dominação do mundo: fronteiras, línguas, etnias, ideologias, recursos naturais, doutrinas religiosas, perfis etários, sexuais, razão pela qual, combinado com o panóptico molecular, o estelar nos captura como táticas e estratégias de um jogo totalitário, a que chamamos simplesmente de geopolítica de dominação imperialista. China e Rússia, em maior medida, mas também Brasil, Índia, África do Sul, Argentina, Venezuela, Irã, Equador, norte da África, Síria, Líbano, países que fazem fronteira com China e Rússia, demais países que possuem abundância de minerais raros, além de petróleo e água, todos somos especialmente esquadrinhados pelo panóptico estelar ocidental, pois somos ao mesmo tempo, na atualidade, obstáculos e focos de desejo do imperialismo americano; obstáculos porque estamos produzindo um mundo multipolar e objetos de desejo porque temos abundância de riquezas fundamentais para a movimentação da máquina do capital.
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Durante o governo de Lula, em maior medida, e de Dilma Rousseff, Brasil entrou de forma mais audaciosa (menos submetida aos Estados Unidos) na geopolítica internacional e tem orquestrado, com os vizinhos, tentativas significativas de libertar-se da condição de pátio traseiro do Tio Sam. Sob esse ponto de vista, não tenhamos dúvida: Brasil é um modelo de realização do domínio americano da América Latina e mesmo do mundo. Está sendo caçado para novamente se submeter integralmente, como ocorria nos governos anteriores, especialmente do PSDB, às botas de Tio Sam. Somos, pois, extremamente vigiados. A não ser que queiramos acreditar em nossa síndrome de geração espontânea, não sejamos ingênuos: as manifestações juvenis que estão ocupando as ruas das grandes cidades brasileiras foram milimetricamente planejadas pelo imperialismo americano. Como?
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Cena 1: Através das tecnologias típicas do panóptico molecular, especialmente celulares, redes sociais, e-mails, desde fora e de dentro muito especialmente a juventude legitimamente inconformada com a injusta estrutura de classe que ainda impera no Brasil (não temos tido mudanças estruturais) confabula rebeliões, manifestações e se organiza com o objetivo de produzir situações políticas (sempre) que forcem os governos a reverem as draconianas condições de transporte, de saúde, de educação, de moradia, de trabalho, da maior parte da população brasileira. Ao usar as tecnologias de controle panóptico da atualidade, esse segmento audacioso, fundamentalmente jovens universitários, está sendo milimetricamente vigiado. O grande irmão sabe o que estamos planejando fazer.
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Cena 2: O imperialismo americano sabe das fragilidades dos governos do PT. Sabe que, por mais que o país tenha avançado, existem muitas injustiças, escandalosas, injustificáveis, infelizmente prevalecendo. Sabe também das manifestações que jovens universitários, já há alguns anos, tem realizado, nas ruas, contra aumento de passagens de ônibus, utilizando precisamente as redes sociais para convocá-las. De posse dessas informações, ONGs e agências americanas, como a Usaid, tem cooptado, financiado e treinado jovens, especialmente de classe média, para se tornarem especialistas em convocação de grandes manifestações, através, por exemplo, do uso de Facebook.
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Cena 3: Os jovens treinados e financiados por ONGs e agências americanas, a partir de palavras de ordem abstratas (fim da corrupção, CPI das obras da copas, entre outras) deveriam desencadear manifestações, sobretudo nas cidades das Copa das Confederações, Essas manifestações foram cuidadosamente planejadas com um duplo objetivo: tirar todo mérito que o governo do PT poderia obter de tal evento esportivo, desqualificando-o perante o mundo e impor a agenda da próxima eleição, que será constituída de desgastes contínuos, podendo chegar a um impedimento da presidenta antes mesmo do fim de seu mandato.
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Cena 4: O aumento das passagens de ônibus de algumas cidades que estão sediando jogos da Copa das Confederações deveria ser o detonador de tudo. A manifestação extremamente legítima contra o aumento da passagem de ônibus de São Paulo, centro econômico do Brasil, foi capturada antes mesmo que acontecesse. Tornou-se, pois, uma circunstância oportuna para desencadear uma série de manifestações pelo Brasil afora.
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Cena 5: Setores especiais da polícia de São Paulo foram orientados a reprimir (e também no Rio de Janeiro) com firmeza as manifestações contra o aumento da passagem de ônibus. Para tanto, visaram especialmente jornalistas que estariam presentes na cobertura dessas manifestações, pois sabiam que, assim ocorrendo, o impacto seria maior.
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Cena 6: Jovens treinados, especialmente em Brasília (mas não apenas) por agências americanas finalmente entraram em cena: imediatamente usaram as redes sociais para convocarem manifestações pelo Brasil afora, pegando carona da repercussão da violência policial de São Paulo, previamente planejada.
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Cena 7: Os meios de comunicação em conjunto, imprensa escrita, radiofônica e televisiva, com a liderança da TV Globo, deveriam repercutir sem cessar a violência policial de São Paulo e Rio de Janeiro, com o objetivo de instigar demais manifestações pelo Brasil afora, que seriam e foram incansavelmente incentivadas e noticiadas.
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Cena 8: Os meios de comunicação, a mídia corporativa em seu conjunto, fariam o que fizeram: capturariam as manifestações, reeditando-as e impondo a agenda delas, independente das manifestações. Uma dupla agenda, uma primeira explícita, marcada por palavras de ordem do tipo “fim da corrupção”, “CPI da Copa do Mundo”, “fim da violência”, “fim da incompetência”, “fim da inflação”; e uma segunda mais ou menos oculta: desgaste da presidenta, então com uma grande aceitação popular, com o objetivo implacável de realização de um golpe de estado, por exemplo, com a efetividade da CPI da Copa do Mundo, aprofundarem o desgaste da presidenta, sangrando-a impiedosamente, até a cena final: seu impedimento ou sua derrota nas urnas, em último caso.
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De tudo, o que ficou evidente foi e é a orquestração coesa do conjunto das corporações midiáticas brasileiras. Na manifestação da última quinta-feira, dia 20 de junho, tanto a imprensa escrita, como a radiofônica e como a televisiva estavam incansavelmente convocando a população para se manifestar, nas ruas, com o objetivo claro de produzir um novo “Fora Collor, Michel Timer novo presidente do Brasil”.
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Temos, portanto, que fazer a pergunta fatal: o que gera essa “espontânea” coesão nas corporações midiáticas brasileiras, sobretudo diante de uma situação em que apenas a TV Globo está diretamente sendo beneficiada pelo uso monopólico da transmissão da Copa das Confederações? Resposta simples: as corporações midiáticas em seu conjunto são fundamentalmente ventríloquas do imperialismo americano e cumprirão fielmente qualquer roteiro orquestrado por Estados Unidos, com o objetivo de tornar o Brasil totalmente submetido aos interesses americanos. A mídia corporativa odeia o povo brasileiro e existe para impedi-lo, para realizar sem cessar, no cotidiano, o impeachment do Brasil livre, justo, digno, portanto independente do julgo imposto por Estados Unidos.
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O maior inimigo do Brasil sem dúvida alguma é o monopólio da palavra e das imagens (e, por consequência, o monopólio interpretativo dos fatos e acontecimentos) imposto pela coesão implacável de nosso criminoso oligopólio dos meios de comunicação. Estaremos eternamente impedidos, como povo que aspira a sua soberania (nunca in vitro) enquanto prevalecer esse ditatorial monopólio da palavra em nossas terras; monopólio que só mostra, divulga e incentiva aquilo que lhes interessa, em conformidade com as orientações do Tio Sam, constituindo-se, pois, como a ponta de lança de traição do povo brasileiro, embora, com muita demagogia, através de programas de entretenimento, entrevistas, novelas, hipócritas altruísmos, sorrisos, diga o contrário.
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Diante do sequestro, realizado pelas corporações midiáticas, das manifestações que estão ocorrendo pelo Brasil afora, a única saída digna, audaciosa, inteligente, comprometida com o país, é voltar-se contra o monopólio da palavra, indo às ruas para exigirmos o seu fim imediato, razão suficiente para enchermos as ruas não com o objetivo de irmos até a sede dos governos eleitos, mas antes de tudo para nos manifestarmos, em paz, na frente das sedes da TV Globo em cada capital brasileira.
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Quero só ver como a TV Globo nos editará quando fizermos essa realmente revolucionária manifestação...
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Luís Eustáquio Soares é poeta, escritor, ensaísta e professor na Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes
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