Lucimar Simon nasceu em Linhares – ES
em 1977. Suas influências são diversas perpassando por autores de Clássicos da
Literatura Brasileira e Estrangeira. Busca ler e acompanhar a Literatura
Contemporânea bem como os ditos “poetas marginais”. Seus textos compõem uma escrita
simples dedicada a fatos cotidianos, memórias, experiências acadêmicas e sua
vida pessoal, e podem ser conferidos em Antologias e Coleções Poéticas da
Câmara Brasileira de Jovens Escritores em: “Novos Talentos do Conto
Brasileiro”, “Contos de Outono”, “Livro de Ouro do Conto Brasileiro”(2009) e
“Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos Nº54” ,
todos publicados em 2009. Lucimar Simon é Graduado em História pela UFES.
Pós Graduado em História e Literatura – Texto e Contexto pela UFES. Confira,
abaixo, a crônica “Amor para não sofrer”:
AMOR PARA NÃO SOFRER
Um
Amor para não sofrer... Não tinha dúvidas. Amor para não sofrer. Não tinha
dúvidas. Amor para não sofrer. Um segundo, um minuto, uma hora, um dia, uma
semana, um mês, um ano, um século. 5 de junho. Amor para não sofrer. Olhares,
corredores, ainda está nos sentidos o perfume natural de seu corpo. Amor para
não sofrer. Escolha, encolha, retrai, deseja, conversa, mão nas mãos, olhares,
desejos. Amor para não sofrer. Para não deixar, para não chorar. 5 de junho.
Amor para não sofrer. Ambíguo, doído, louco, ardente, suicidamente... Amor para
não sofrer. Que sorriso, que olhos, que cheiro de relva verde louro cabelos
acobreados perdidos esvoaçando sem ponto nem vírgula. Amor para não sofrer.
Caminho sorriso, aquele lugar marcando os passos e o compasso dos corações. As
mãos se entrelaçam, elas estão frias, úmidas, com anseios, receios, desejos de
um... Amor para não sofrer. Os dias, as noites, as pessoas perambulam entre
eles apaixonados. As juras, os soluços, os olhares entrecruzam, surge o beijo,
o beijo que marca, realça, delineia, dar o sabor dos Amor para não sofrer. As
moças virgens choram e tropeçam aos vossos pés. Se recolhem, desculpam-se.
Enquanto um Amor para não sofrer se inicia, outro sofre por acabar.
Gentil
beleza, firmeza de um... Amor para não sofrer. Outros dias, outras luas, outros
astros presenciam dia após dia um... Amor para não sofrer... Esse Amor não foi
feito para sofrer. Ele foi feito para lutar, tentar, saciar a sede, matar a
fome, a vontade o desejo desses amantes. Esse amor é louco, é viciado, é sem
dono, sem nome, sem rumo, sem prumo, sem eira nem beira, mas é um... Amor para
não sofrer. É um Amor para não sofrer... Que nasce, cresce, vive, respira novos
ares e vai... Vai se esvaindo na luxúria de seus donos, nos conceitos de seus
pais, nos dizeres de suas bocas, nos olhares renegados, nos abraços sufocados,
nos padrões moralizadores, nas condições sociais, nos intermédios culturais,
nos valores das famílias, nas falas alheias, nos passados sem culpa, nos
presentes sem ações e nos futuros cheios de intenções, pretensões e sonhos.
Sonhos não fortalecem, não garantem, não alimentam a boca que tem fome e o
espírito humano. Sonhos não mais alimentam... Amor para não sofrer.
Esse
Amor para não sofrer escreveu, fez leituras, devaneou sobre a lua, o sol e as
estrelas, sobre olhos, cheiros e sabores, sobre sonhos ficou... Esse Amor para
não sofrer sucumbiu a apneia do sono, ao mergulho da gaivota, ao sacudir louco,
desvairado do peixe fisgado no anzol. A razão tomou seu lugar, ocupando-se de
refazer os pensamentos, rever os princípios. Esse Amor para não sofrer esteve
contido no Rio dos Sonhos que o levou a foz... Esse Amor para não sofrer...
Nasceu, cresceu, viveu, sofreu e esvaiu-se na foz do Rio dos Sonhos que cuida
dos Amores para não sofrer.
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