Instituição
recebe exposição sobre Vláclav Havel e a mostra Cinema Pela Verdade
Václav Havel sempre
questionou a importância que o ser humano dá a sua própria vida. Se
aproveitando desse viés do humanista, a exposição Václav Havel e Seu País chega à Galeria de Arte Espaço Universitário,
na Ufes.
A mostra - uma
iniciativa da embaixada da República Tcheca - é composta por imagens do trajeto
de vida de Havel: uma instalação interativa contendo poesias concretas do
escritor e programas de filmes fazem parte do trabalho que celebra a memória do
tcheco.
Havel cresceu em uma
família proprietária de estúdios de cinema e dezenas de edifício na capital,
Praga. Ele chegou a ser impedido de estudar pelo regime comunista e, por isso,
lançou-se ao teatro – primeiro como maquinista e depois como autor do Teatro do
Absurdo.
Sempre negou o exílio,
mas foi ao redigir o manifesto Carta 77 - declaração de defesa política de
direitos humanos - que ele entrou em ruptura com os soviéticos, que ocupavam
seu país natal desde 1968. A
atitude de Havel culminou em cinco anos de prisão, e lá ele escreveu as famosas Cartas a Olga - nome de sua primeira mulher.
Firme defensor da
resistência não violenta, ele se tornou ícone da Revolução de Veludo, em 1989. A consequência de seu
prestígio, após a revolução, veio ao ser eleito o primeiro presidente da
Checoslováquia depois da queda do Muro de Berlim. Além disso, ele presidiu a
República Tcheca por uma década: de 1993 a 2003.
No período em que
comandou o país, foi responsável por preparar a transição democrática e também
por encaminhar a República Tcheca para a adesão à União Européia, fato que
ocorreu em 2004. No último ano de seu mandato, o humanista e ex-dissidente –
mesmo com saúde frágil – dedicou-se à luta pelos direitos humanos em países
como Cuba, Bielorrúsia, Birmânia e Rússia.
Só três anos depois
Havel voltou a se dedicar à escrita, e a partir daí publicou as suas memórias
políticas e, como era dramaturgo, escreveu a peça A Ponto de Partir - título que deu nome à sua produção
cinematográfica.
Um dos grandes
representantes políticos da República Tcheca tinha uma saúde débil, devido às
sucessivas pneumonias contraídas no período em que esteve preso pelo regime
comunista e também por causa de seu vício em tabaco – fatores que findaram em
seu falecimento, no ano de 2011.
Anos de chumbo
Um dia após o lançamento
da exposição sobre Havel, o ambiente acadêmico ainda vai respirar um resgate
histórico, só que agora através do cinema – que também é um mecanismo que
instiga discussões político-sociais.
Dentro desse contexto, o
Cinema Pela Verdade chega à segunda edição. A mostra recorta o período em que o
regime militar comandou o Brasil e verifica as suas consequências.
O projeto, contemplado
pelo edital Marcas da Memória, da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça,
estará presente em todas as 27 unidades da federação – e em cada localidade,
conta com um agente mobilizador: são estudantes de graduação regularmente
matriculados e que se transformam em articuladores do evento. Isso proporciona
um maior conhecimento sobre esse tempo histórico no país.
No ano passado, o
projeto tinha uma proporção menor, só que devido à importância de resgatar a
história de pessoas que presenciaram aquele momento – até para um melhor
entendimento dos fatos – as instituições e parte da sociedade civil abraçaram a
causa, o que possibilita ao Cinema Pela Verdade estar mais encorpado.
Filipe Marinho,
estudante de Letras Inglês da Ufes, é o agente organizador no Espírito Santo.
Ele destaca que é crucial relacionar os fatos do passado com a situação social
hoje, principalmente quando o diálogo é sobre os direitos humanos.
“É importante discutir
essa temática, principalmente para o estudante de graduação, que não vê esse
formato de discussão na escola, por exemplo. E quando é discutido, não existe
uma contextualização com o que presenciamos hoje”, afirma.
Durante o evento serão
exibidos cinco filmes: o primeiro é Eu Me Lembro,
que tem a direção de Luiz Fernando Lobo. Outras produções cinematográficas do
mesmo gênero serão exibidas até agosto: Marighella (12 de julho), No (1°
de agosto) e Infância Clandestina (30 de agosto).
Agosto, último mês da
mostra, terá exibição também em sua última sexta-feira. A ideia do Cinema Pela
Verdade e pegar estrada e sair do Metrópolis, exbições em faculdades da Grande
Vitória e de outros municípios, como Cachoeiro de Itapemerim e em São Mateus.
Após a exibição, haverá
um debate com o professor de Arquivologia e do Programa de Pós-Graduação em
História e coordenador da Comissão da Verdade da Ufes, Pedro Ernesto Fagundes;
e da jornalista, advogada e membro da Comissão da Verdade do Espírito Santo,
Jeanne Bilich. . O projeto é realizado pelo Instituto Cultura em Movimento
(ICEM), em parceria com o Ministério da Justiça.
SERVIÇO
A exposição Václav
Havel e Seu País será
aberta nesta quinta-feira (6), às 19h, na a Galeria de Arte Espaço
Universitário (GAEU), na Ufes. Visitação: de segunda a sexta-feira, das 8h às
18h. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo telefone (27) 3335-7853.
Já a mostra Cinema
Pela Verdade acontece
nesta sexta-feira (7), às 19h, no Cine Metropolis, Ufes. Av. Fernando Ferrari,
campus de Goiabeiras, Vitória. Ambos os eventos têm entrada franca.
Fonte: Rafael Segatto (Século Diário)
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